Em primeiro lugar, não tem acionistas no Brasil a quem prestar contas.
Depois, ao abrir seus dados para a sociedade, certamente sofreriam pressão, na forma de ações de responsabilidade social.
E ainda, é mais cômodo assim, publicar relatórios apenas para a matriz.
Qual a situação da General Motors do Brasil? Os executivos da empresa dizem que é boa. E essa opinião respeitável, mas comprometida, é tudo que se sabe.
Procure nos vários anuários de empresas disponíveis no mercado, o "Valor 1000", por exemplo: a GM aparece na lista com uma receita líquida de vendas de R$ 19,5 bilhões em 2007, 17,5% acima de 2006. O capital é americano. E é só. As colunas subseqüentes na tabela que lista as maiores empresas do país - lucro líquido, margem líquida, rentabilidade do patrimônio líquido, nível de endividamento, liquidez etc. -, todas com traço. Sabemos, a partir de um crescimento significativo da receita, que a montadora está fazendo mais dinheiro. Deduzimos pelos números publicados nos Estados Unidos - onde ela tem ações negociadas em bolsa - que as operações brasileiras dão lucro, mas não quanto. Então, o que sabemos?
Muito pouco, porque uma demonstração financeira não se sustenta só do resultado do período. Todo o resto, balanço patrimonial (ativos, dívidas, patrimônio), fluxo de caixa, notas explicativas, parecer do auditor independente, tudo isso é um completo segredo no caso de GM. E, para ser imparcial, da sua vizinha na região metropolitana de Detroit, a Ford, outra marca americana tradicional no Brasil.
Não só das duas, é claro. Com a exceção de Fiat e Renault, que têm participações estatais, é o caso das outras montadoras. É o caso de todas as empresas que operam sob a bandeira jurídica de "sociedade por cotas de responsabilidade limitada". Diferentemente das sociedades por ações, as limitadas não precisam publicar balanços. Esse segredo esconde uma boa parte da economia brasileira. A subsidiária da General Motors Corporation é a sexta maior empresa do Brasil, logo atrás de outra montadora, a alemã Volkswagen, que também não revela nada além do faturamento. A Ford é a décima quinta, seguida pela subsidiária da maior empresa do mundo em receita, a rede de varejo americana Wal-Mart. Elas e Mercedes-Benz, Esso, Unilever, Texaco e várias outros gigantes, todos parcialmente incógnitos. Mas pode ser pior. Sentiu falta de General Electric, IBM e Microsoft? Dell e HP? Todas entre as 50 maiores empresas americanas da revista "Fortune" e com presença significativa no mercado brasileiro, elas simplesmente não divulgam número no país.
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