quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vendas do Pão de Açúcar crescem 15,4% em maio

As vendas do Grupo Pão de Açúcar cresceram acima do esperado no mês de maio. Com isso, o desempenho da empresa no acumulado do ano já começa a sinalizar para o mercado uma recuperação do grupo, que passou por uma profunda reestruturação. Mas, de acordo com analistas, apenas quando forem divulgados os resultados financeiros do segundo trimestre, em agosto, é que ficará claro se o grupo conseguiu melhorar de fato seu desempenho.

Em maio, no conceito mesmas lojas, as vendas líquidas cresceram 15,4% comparadas com igual período de 2007. As vendas brutas aumentaram 12,1%. No acumulado do ano, também no conceito mesmas lojas, as vendas líquidas cresceram 7,9% e as brutas, 6,4% em relação a igual período do ano passado.

De acordo com o Pão de Açúcar, o crescimento de maio pode ser explicado pelo efeito calendário, com o feriado de Corpus Christi e uma sexta e sábado a mais do que no mesmo mês do ano anterior. Esse fato teve um impacto de 2,5 pontos porcentuais nas vendas.

Mas, para o mercado, o resultado é significativo mesmo desconsiderando-se o efeito sazonalidade. "Tudo indica que é um crescimento sustentado, mas é preciso ser cauteloso e esperar os resultados financeiros", observa o consultor de varejo Eugênio Foganholo.

O Pão de Açúcar também justifica o crescimento pelo aumento do tíquete médio. "É claro que o tíquete subiu por causa da inflação dos alimentos, mas é necessário ver se o volume vendido cresceu", diz um analista. As vendas de alimentos aumentaram 12,4% na comparação das mesmas lojas.

As vendas brutas em maio somaram R$ 1,7 bilhão, 24,9% mais que em 2007. As vendas líquidas foram de R$ 1,4 bilhão, com aumento de 28,2%.

"O resultado está acima do esperado", diz o analista do Banco Fator, Renato Prado. "Boa parte do crescimento vem da inflação, mas é preciso ver se a companhia conseguiu repassar todos os aumentos dos fornecedores. Caso contrário o grupo pode estar crescendo, mas com redução de margens."

Reajuste do aço eleva papéis da Gerdau

AÇÃO DO DIA

Metalúrgica Gerdau PN subiu 6,98%, ontem. O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço informou que o preço do aço no atacado será reajustado em 15% em julho, reflexo da forte alta do minério de ferro.

CSU sinaliza recuperação em prévia de resultados

A CSU CardSystem, empresa líder entre as que atuam de forma independente em processamento de meios eletrônicos de pagamentos, quer sinalizar ao mercado que tem espaço para recuperar o caminho dos bons resultados financeiros. A estratégia foi reforçada ontem, quando a companhia, listada na Bolsa de Valores de São Paulo desde maio de 2006, divulgou uma prévia com os dados do primeiro semestre.
A companhia projeta que terá lucro líquido de R$ 3,6 milhões no período, recuperando-se do prejuízo de R$ 9,8 milhões que teve em igual período de 2007. Nos primeiros três meses deste ano, ela obteve lucro de R$ 1,6 milhão.
"Nosso objetivo em fornecer uma prévia dos resultados que devemos ter é comunicar de forma transparente a investidores e ao mercado que somos uma companhia lucrativa, embora tenhamos tido resultados negativos recentemente", explica o diretor de relações com investidores da CSU, Décio Burd. "Em nossa avaliação, o valor de nossas ações está muito inferior ao que consi-
deramos justo", complementa.Na cotação de ontem, os papéis eram negociados a R$ 5,50 - menos de um terço do preço no seu IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), quando era negociada a R$17,50.
Para Burd, os próximos balanços da companhia devem ser ainda melhores. Conforme o executivo, refletirão o incremento de novos contratos fechados com grandes empresas, como Claro, HSBC, Net, Tim, Carrefour e Porto Seguro. "Há a possibilidade de fecharmos novos negócios, que estão em andamento", diz o executivo.

Sobre Telecom

Eu havia sido solicitado para responder um questionário sobre a pauta de uma matéria abordando o confronto das empresas de Telecom. Acabei fazendo de maneira sintetizada mas, pelo visto, o espaço na Revista InvestMais não foi suficiente para compilar todas as contribuições dos que se dispuseram a escrever.

Para que o material não se perca nos arquivos da Editora, vou postar a introdução que antecedeu as respostas ao questionário propriamente dito.

De antemão informo que não sou um especialista do setor, desconhecendo pormenores, mas me prontifico a tentar falar sobre o mercado como usuário do serviço e investidor, através da minha percepção dos fatos, alguns aspectos técnicos e fundamentalistas que envolvem as empresas. Espero que minha contribuição possa servir para agregar valor a matéria que vcs estão elaborando, mas assumo minhas limitações.

Sobre as empresas de telecom, no momento fica dificil fazer uma leitura do mercado desconsiderando as nuances políticas. Antes mesmo de ler o seu questionário, vou tentar expor meus pontos de vista, para não influenciar e direcionar o texto. Depois prometo responder o que ficar faltando às suas perguntas.

Com os esforços desmedidos do governo para permitir a aquisição da BrT pela Oi, criando uma SuperTele com capital nacional, muita coisa está acontecendo nos bastidores das telecomunicações. Não bastassem as negociações entre as empresas privadas para redistribuição do marketshare, ainda assistimos estupefatos o episódio envolvendo as ações da TELEBRÁS que levou diversos pequenos investidores a grandes perdas no mercado acionário ( assunto amplamente comentado nos sites e foruns de mercado).


E como a proposta de pulverização do capital da Telemar foi frustrada com a falta de apoio dos acionistas minoritários em votação na AGE, seus controladores vêm buscando uma solução de mercado, e contam, para isso, com a ajuda do governo, empenhado em preservar uma fatia deste setor altamente estratégico em poder de uma empresa genuinamente brasileira. Para isso seria preciso uma alteração na lei de outorgas, o que não parece ser improvável de acontecer..

Ocorre que com a convergência dos serviços (o famoso triple play: tele fixa, móvel e transmissão de dados) o marketshare ficou cada vez mais disputado por cada região, sendo que SP continua sendo a "menina dos olhos" de todos, pelo seu potencial de gerar receitas e quantidade de clientes corporativos.

E a área pertence à VIVO ( joint venture controlada pela Telefónica e Portugal Telecom) operadora móvel nas bandas A e B. Segundo o site www.teleco.com.br , em Jul/07, a Telefonica ofereceu US$ 4,1 bilhões pela participação da Portugal Telecom na Vivo. A PT recusou a oferta, mas havia rumores de que ela poderia trocar a VIVO por uma participação na Telemar. Com a possibilidade de criação da BrOI(?) isto acabou sendo descartado.

No mesmo ano de 2007 a VIVO adquiriu a Telemig e as frequencias na banda L para a maior parte do Brasil, incluindo o Nordeste. Em abril deste ano, assumiu definitivamente o controle da Telemig Celular para atender o estado de MG, e anunciou que irá realizar em 12/05/2008 um leilão para aquisição de até 1/3 das ações da Telemig Celular e da Telemig Participações. O preço estabelecido é de R$ 654,72 por ação preferencial da Telemig Celular e de R$63,90 por ação preferencial da Telemig Participações. Os preços propostos representam um prêmio aproximado de 25% sobre a média ponderada da cotação das ações preferenciais nos 30 últimos pregões da Bovespa anteriores a 1º de agosto de 2007.

Cogitava-se também a possibilidade de unificar os serviços da VIVO e da TIM (que vinha sofrendo com divergências entre seus sócios e controladores). Não sabemos onde iria terminar, mas se por um lado, uma maior integração pode proporcionar benefícios na qualidade do serviço prestado, por outro, a concentração de poucas empresas atuando em um segmento essencial para a população brasileira pode acabar prejudicando a concorrência entre elas com os custos sendo repassados ao consumidor.

Acredito que a telefonia móvel tende a predominar sobre as habituais estações fixas, devido à grande aceitação pelos usuários, portabilidade e facilidade de aquisição.

terça-feira, 17 de junho de 2008

MTV x SKY

Achei bastante engraçado, as duas empresas resolveram lavar a roupa suja em público. Também se não tivessem feito isto, eu nem teria percebido que perdi o sinal da MTV. No final, pode acabar sendo bom, as duas conseguiram exposição grátis em mídia....


A Sky informou que o canal MTV saiu de sua grade de programação nesta semana. A MTV, por outro lado, manifestou surpresa com a decisão da Sky.

O canal direcionado ao público jovem informou que recebe queixas de telespectadores desde o último sábado (31) e que já recebeu cerca de mil e-mails perguntando sobre o sinal do canal na Sky.

A Sky informou em nota que o contrato da empresa com a MTV venceu em 31 de dezembro de 2007 e desde então estão renegociando o documento, mas que não foi estabelecido um acordo. A Sky comunicou que continua aberta a negociações (leia abaixo íntegra da nota).

"Na verdade, [o corte de sinal] é que nos pegou totalmente de surpresa, e não a nós só, à audiência também. Foi uma atitude arbitrária, eles não contaram a nós nem à audiência", comunicou a assessoria de imprensa da MTV.

"A gente entende que eles estão tirando o sinal como forma de pressão, isso não é negociação, deve ter outro nome que nem sabemos qual é", informou ainda a MTV.

"As negociações ainda continuam, pelo menos de nossa parte, agora um pouco mais dificultadas depois dessa atitude. Vamos ver se isso se resolve, principalmente para a base de assinantes da Sky"", comunicou a MTV.

Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a nova regulamentação que entrou em vigor ontem, a resolução nº 488, estabelece em seu artigo 28 que qualquer alteração no plano adquirido por assinantes deve ser informado aos consumidores com 30 dias de antecedência e também deve ser notificado à agência. Além disso, em caso de retirada de canal, a substituição deve ser feita por um do mesmo gênero.

Leia a íntegra da nota da Sky:

"O contrato entre a SKY e o canal MTV Brasil para distribuição venceu em 31 de dezembro de 2007 e, desta data em diante, estamos em constante negociação. Entretanto, não chegamos a um acordo comercial compatível.

Consideramos que a proposta oferecida pelo canal é inadequada e com condições comerciais que trariam impacto nos preços praticados junto aos nossos clientes. Desta forma, o canal MTV Brasil será substituído pelo MTV Hits. A SKY mantém-se aberta a novas propostas de negociação do canal."

sexta-feira, 13 de junho de 2008

SLC pode obter R$ 400 milhões

A SLC Agrícola, uma das maiores produtoras brasileiras, no quesito área cultivada, de algodão, soja e milho, deve levantar aproximadamente R$ 353 milhões em uma oferta pública primária e secundária de 11,6 milhões de suas ações. O valor que a operação deve movimentar baseia-se na cotação de ontem das ações da companhia, quando foram negociados a R$ 30,50. No entanto, se houver demanda pelas ações, a empresa poderá emitir um lote suplementar, com outros 1,7 milhões de papéis. Caso isso ocorra, o volume da oferta superará R$ 405 milhões. Do total de ações colocadas à venda, 9,3 milhões serão novas (oferta primária). Os 2,2 milhões de papéis restantes - que compõem a oferta secundária pertencem à acionista vendedora, a empresa SLC Participações.
A SLC chegou à Bovespa há um ano, no dia 14 de junho de 2007. Captou R$ 308 milhões.
O valor de suas ações no IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) que marcou sua listagem no Novo Mercado da bolsa paulista foi de R$ 14. Desde então, a companhia tem utilizado os recursos captados no mercado para consolidar-se em sua atividade. Nesta semana, por exemplo, a SLC finalizou a aquisição e arrendamento de terras no municipio de Barreiras, na Bahia. Pela área, na qual a empresa planeja cultivar algodão, soja e milho para o ano safra 2008-09, desembolsará o equivalente a R$ 35 milhões.
Cronograma
Entre 10% e 15% do total da oferta de ações da SLC será destinada a investidores de varejo. Eles devem procurar uma corretora habilitada para a operação para fazer reservas. O valor mínimo é de R$ 3 mil e o máximo, de R$ 300 mil. Investidores de pequeno porte terão entre os dias 19 e 24 para reservas. Um dia depois será fixado o preço das ações que serão ofertadas. O coordenador líder da oferta é o Credit Suisse.

Nova versão do Mega Bolsa é causa de panes

A Bovespa Holding divulgou ontem que os problemas apresentados nos últimos pregões estão sendo causados pela implantação da quinta versão de seu sistema de negociação, o Mega Bolsa, em vigor desde a sessão de 2 de junho.

O diretor de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira, afirmou que, inicialmente, a companhia não julgava necessário divulgar essa informação.

"Achamos que seria apenas uma forma de contar vantagem, uma vez que o principal ponto dessa nova versão é tornar o processamento das ordens mais rápido, reduzindo em até 40% o seu tempo de execução", disse. Ele afirma, no entanto, que, como toda versão nova, o sistema tem apresentado instabilidades pontuais. "Os problemas têm se concentrado no leilão de fechamento, embora o 'after market' também tenha apresentado algumas incorreções", disse.

O funcionamento do sistema tem sido prejudicado por problemas diversos e, segundo Nogueira, a atenção será redobrada hoje. "A nossa expectativa é que na semana que vem o Mega Bolsa esteja ajustado, sem novos transtornos."

Ele afirma que, no fim de semana, uma nova equipe de franceses estará trabalhando em uma revisão do sistema. O Mega Bolsa foi adquirido pela Bovespa da Bolsa de Paris, em 1996.

De acordo com analistas, os problemas constantes do sistema de negociação da Bovespa, esclarecidos apenas ontem, podem levantar preocupações com o anunciado processo de integração das duas bolsas brasileiras.

O ponto é que parte das sinergias operacionais seriam atingidas com reduções de custos em pessoal e tecnologia de informação, principalmente. Mas as falhas podem levantar uma série de questionamentos sobre a capacidade de a BM&F Bovespa atingir o objetivo de redução de custos da ordem de 25%.

Essa expectativa, mais a perspectiva de aumento da negociação nos pregões brasileiros, têm puxado as estimativas para as ações das bolsas brasileiras.

Nogueira esclarece que os problemas recentes não têm relação com falta de capacidade para processar ordens do sistema, que hoje opera com folga, mas apenas com problemas técnicos.

Ele também informa que os transtornos no vencimento de opções ocorrido em abril, em que as negociações também paralisaram, não tiveram nenhuma relação com a nova versão do Mega Bolsa. "Esse foi um problema específico com as opções, já completamente superado." A BM&F Bovespa planeja a integração das plataformas de negociação das duas bolsas, mas esse processo levará de dois a três anos.

LLX será a próxima empresa de Eike Batista na Bovespa

A LLX Logística será a próxima das empresas de Eike Batista a chegar à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) depois da oferta pública inicial de ações da OGX, o braço de petróleo e gás do grupo, cujas ações estreiam hoje na bolsa. A LLX, que nasce de uma cisão da MMX, da qual hoje é subsidiária, já pediu registro para a abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas planeja apresentar uma oferta pública de ações só a partir de setembro.

Responsável no grupo por atividades de infra-estrutura portuária e de logística, a LLX se insere no processo de reestruturação da MMX Mineração e Metálicos, empresa de capital aberto. A idéia era fazer uma oferta pública inicial de ações da LLX, mas, no início deste ano, o grupo de Batista desistiu. A operação foi suspensa depois da venda, em janeiro, de uma parte dos ativos da MMX para o grupo Anglo American em um negócio de US$ 5,5 bilhões.

"Inicialmente íamos fazer o IPO da LLX, mas após a negociação com a Anglo optamos por fazer primeiro a cisão das empresas que estão debaixo da MMX", diz Ricardo Antunes, presidente da empresa. Assim, a LLX nasce como empresa listada por meio desta reestruturação e só em um segundo momento é que se faria uma captação no mercado. Ele negou rumores de que a suspensão da oferta da LLX teria relação com a incerteza jurídica provocada pela briga que os terminais de contêineres que operam nos portos públicos - e que foram arrendados em meados dos anos 90 - travam, na Justiça, contra terminais privativos que querem movimentar carga própria e de terceiros, caso dos projetos da LLX. "Isto não é verdade."

Segundo ele, a LLX enviou um novo desenho da operação para a CVM. Hoje a MMX tem 85% do capital da LLX e os restantes 15% pertencem ao fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, o OTPP. A MMX, por sua vez, tem 66% do controle nas mãos de Batista e dos diretores da empresa e os restantes 34% estão com os minoritários. Com a reestruturação da MMX, prevista para terminar no fim de junho, a estrutura mudará.

A MMX vai ser dividida em três: Iron X, nova MMX e LLX, que nascerá como uma empresa de capital aberto. Cada acionista da antiga MMX vai receber ações das três empresas. A LLX terá 57% do capital nas mãos dos atuais acionistas (Batista e um grupo de executivos) e 43% ficarão com os minoritários, dos quais 19% em poder do OTPP e 24% no free float.

A Iron X é a empresa criada para abrigar parte dos ativos de mineração da MMX: a MMX Minas-Rio, na qual a Anglo American já havia comprado 49%, e a MMX Amapá, na qual a americana Cleveland Cliffs tem participação de 30%. A Anglo vai comprar os 66% que Batista e seus executivos têm na Iron X, cujos ativos são 51% da MMX Minas-Rio e 70% da MMX Amapá.

Batista aceitou vender estas participações a cerca de US$ 18 por ação. A Anglo terá ainda 60 dias para fazer oferta de compra da parte dos minoritários. Terá de oferecer o mesmo valor pago aos controladores, o chamado 'tag along'. Se os minoritários não quiserem vender, a Iron X será formada por Anglo mais minoritários. A nova MMX vai ficar com os demais ativos de mineração e metais, o que inclui a MMX Corumbá e a AVX Mineração. Até o fim deste mês a reestruturação da MMX estará registrada na CVM e na Bovespa.

De qualquer forma, será preciso um prazo de 30 dias para começar a negociar as ações da LLX e da nova MMX na bolsa, em função do direito de retirada, pelo qual os acionistas que não concordarem com a operação podem receber o dinheiro da ação de volta pelo valor patrimonial. Hoje, além da novata OGX, também têm ações listadas em bolsa dentro do grupo de Batista a MMX e a MPX (energia).

A forte demanda na operação de abertura de capital da OGX foi comandada por estrangeiros, que levaram cerca de 80% da emissão, segundo fontes, repetindo a proporção da maior parte das emissões feitas no ano passado. Restrita a investidores qualificados, a oferta atraiu cerca de 350 institucionais. Participaram da oferta fundos soberanos do Oriente Médio e Ásia e, pela primeira vez, um fundo que faz a gestão de recursos de uma universidade americana (endowment).

Experiência asiática pode indicar futuro

Na Coréia do Sul, nunca houve limites e restrições para que os fundos locais investissem no exterior, conta Edward Oh, diretor-executivo da Mirae Asset no Brasil. Investidores coreanos já estão acostumados a acompanhar as empresas brasileiras, conta. No entanto, demorou para isso acontecer, ou seja, para os aplicadores se acostumarem com a renda variável, principalmente fora do país. Segundo Oh, o mercado de ações coreano só conquistou a massa de investidores quando a taxa de juro real do país caiu a um dígito. Hoje, são cerca de dez milhões os investidores de fundos de ações por lá, comenta.


Para ele, essa transformação deverá ocorrer aqui no Brasil também, por isso o otimismo com a nova operação local. E, com essa mudança, Oh espera que haja espaço para novas empresas conquistarem espaço no mercado de gestão de recursos. "Atualmente, para os grandes bancos, é fácil distribuir fundos no Brasil, porque a renda fixa é mais simples, mas isso tenderá a mudar com a maior procura por carteiras com ações." Segundo ele, foi o que ocorreu na Coréia, quando a taxa de juros caiu e os gestores ligados a bancos perderam terreno.

Jonathan Jung, que estará à frente do futuro banco de investimentos da Mirae no Brasil, diz que também viu na Coréia, há alguns anos, crescimento forte do número de milionários e dos serviços de gestão de fortunas e consultoria, como se vê por aqui atualmente. "Com isso, nosso banco de investimentos cresceu rapidamente por lá." Hoje a Mirae Asset, que tem capital aberto, é uma das maiores empresas cotadas na bolsa coreana, com valor de mercado de US$ 3,9 bilhões, segundo a Bloomberg.

Para Oh, a maior revolução percebida no mercado de gestão de recursos da Coréia foi na educação financeira. Segundo ele, a Mirae publica por lá livros para investidores pessoas físicas e até para crianças, mostrando a importância de se diversificar os investimentos, por exemplo. "No entanto, é a taxa de juros que faz toda a diferença."

Cartão Renner faz 35 anos e prepara embandeiramento

São Paulo, 12 de Junho de 2008 - O cartão de crédito das Lojas Renner, um dos pioneiros no mercado brasileiro de private label, comemora 35 anos de vida e está próximo de ingressar em uma nova fase. Das grandes redes de varejo, a Renner é uma das últimas a manter seu cartão sem bandeira. Mas a varejista já negocia com Visa e MasterCard e deve definir o modelo de embandeiramento dos cartões nos próximos meses. A Renner, atualmente com 12,4 milhões de plásticos no mercado, tem no cartão o principal suporte às suas vendas, não apenas de vestuários, mas também de produtos financeiros.
"Quando lançamos nosso cartão, há 35 anos, era uma tentativa de reduzir a burocracia na concessão de crédito, substituindo o velho carnê, processo concluído em 1985 com sucesso", relembra o diretor de relações com investidores da Renner, José Carlos Hruby. Dados da varejista comprovam o papel importante do cartão nas vendas da empresa. O plástico foi responsável por 62,2% das vendas da rede no primeiro trimestre deste ano, de R$ 383,4 milhões. O tíquete médio do cartão Renner foi de 101,35. São emitidos, em média, 1,2 milhão de cartões por ano e a taxa de ativação é de 60%.
O plástico também é, segundo Hruby, um importante instrumento de fidelização. "O cliente da rede tem duas opções para pagar o cartão, ou via internet ou na loja", explica Hruby. "Na prática, 99% dos pagamentos são feitos na loja, o cliente prefere voltar ao ponto-de-venda para quitar a fatura." O diretor de RI da Renner aponta também, como ponto forte do cartão, a forma de emissão da fatura. "Não existe apenas um dia bom para compras com nosso private label, na verdade a cada compra é emitido um boleto com 30 dias para o primeiro pagamento." A Renner financia as vendas em até cinco vezes sem acréscimo, já para compras com prazo maior, a empresa cobra encargos e, depois, faz o redesconto da fatura junto a instituições financeiras.
No modelo de embandeiramento do cartão Renner em estudo, segundo Hruby, deve haver um limite de gastos fora da rede. "De fato estamos avaliando algo nesta direção, de estabelecer limites para uso dentro e fora da Renner", diz o diretor. Para o executivo, o embandeiramento deve aumentar o grau de fidelização dos clientes. "Vai ser importante para nosso cliente, além de trazer vantagens financeiras para a Renner", afirmou sem dar detalhes das negociações. "Isto era inevitável, estamos indo ao encontro de uma tendência dos private labels."
Produtos financeiros
Outra tendência que só recentemente a Renner passou a seguir é a de venda de produtos financeiros. "Enquanto a empresa foi controlada pela JC Penney a orientação era para que não avançássemos nesta direção", lembra Hruby. Com a pulverização do controle acionário da Renner, em 2005, isto mudou e, hoje, o segmento financeiro é importante para o negócio. No primeiro trimestre deste ano, o resultado de serviços financeiros foi de R$ 18,5 milhões, uma alta de 16% sobre igual período de 2007. No ano passado como um todo, os serviços financeiros engordaram o caixa da Renner em 49,9 milhões, um crescimento de 84,1%. "Do resultado final da Renner, 20% já vem dos produtos financeiros", diz o diretor. Dos serviços oferecidos, o principal deles é a linha de empréstimo pessoal, em parceria com o banco Safra. No primeiro trimestre, foram concedidos R$23,2 milhões em empréstimos. A carteira total é de R$ 87,3 milhões. A Renner oferece ainda um seguro proteção financeira em parceria com a Porto Seguro, Vende títulos de capitalização, com a Icatu, e oferece a função Saque Rápido, que permite aos clientes sacar dinheiro nas lojas.
Apesar do sucesso dos produtos financeiros, o diretor de RI nega que esteja nos planos da Renner abrir um banco ou financeira, caminho trilhado, por exemplo, pela Magazine Luiza, com a LuizaCredi, e por grupos como Sadia e Friboi, com bancos próprios. "A operação financeira tem se mostrado muito positiva, mas não temos nos planos atuar como financeira", afirma Hruby. O diretor de RI se diz otimista em relação à continuidade da expansão dos cartões. "Como abrimos, em média, 15 novas lojas por ano, naturalmente a emissão de cartões continuara forte", diz.

Quando o amor termina, pode começar o processo

É namoro, amizade ou o quê? Quando se trata de proteger o patrimônio pessoal ou familiar numa relação a dois, não dá para deixar a paixão dos primeiros anos de convivência virar uma guerra quando o encanto acaba. Nesses tempos modernos, o problema é que a linha entre o que é namoro e aquilo que pode ser caracterizado como uma união estável é cada vez mais tênue. Na seqüência de uma eventual controvérsia jurídica sobre a natureza do relacionamento podem entrar na partilha bens, investimentos, jóias, toda a sorte de ativos constituídos durante o período conjugal. E nem é preciso viver sob o mesmo teto.


Ter conta conjunta, cartões de crédito com o mesmo endereço, ser avalista ou fiador do parceiro ou até viajar freqüentemente nos fins de semana são situações que podem ser interpretadas como uma união estável, exemplifica René Werner, da consultoria Werner Associados. "Isso acontece quando há interesses patrimoniais comuns e quando há a percepção da sociedade de que os dois convivem como casal", diz. Até mesmo o recebimento de um convite destinado a "senhor e senhora tal" pode ser qualificado como indício de vida em comum.

Quando o namoro ganha alguns desses contornos, o ideal, sugere Werner, é elaborar um pacto pré-nupcial, um contrato que estabeleça claramente as regras da convivência. "É a maneira de se evitar algum litígio futuro, pois se não há contrato fica na interpretação judicial", afirma. Numa família em que os pais já transmitiram em vida o patrimônio aos filhos por doação torna-se mais preocupante ainda a inexistência de um instrumento legal que preserve a titularidade dos bens.

Na hora de fazer o testamento também cabe aos pais resguardar o direito dos herdeiros, acrescentando cláusulas de incomunicabilidade (de bens) com os respectivos genros e noras. "Para alguns, tudo isso é tabu, pois tira o lado romântico das relações, mas paixão e patrimônio são coisas diferentes", diz Werner. "O que é preciso é ser transparente e discutir as questões patrimoniais tão logo as crianças atinjam a fase adulta e comecem a ter relações mais freqüentes."

O Código Civil de 2002 retirou da legislação antiga o prazo de cinco anos que definia a união estável. Pela lei atual, o relacionamento duradouro entre um homem e uma mulher de forma pública e com o objetivo de constituir família são os alicerces que caracterizam a convivência conjugal, diz a advogada Alessandra Abate, do escritório Correia da Silva Advogados. E por família não se deve entender necessariamente a intenção de ter filhos. "Basta dividir despesas, aborrecimentos e morar debaixo do mesmo teto", diz a especialista em Direito de Famílias e Sucessões.

Ela conta que no meio artístico tornou-se comum o registro de contratos de namoro em cartório, o que em tese levaria aquela relação para o conhecimento público. Alessandra adverte que tal expediente não tem validade jurídica. "Isso tem sido interpretado como uma forma de burlar a caracterização de uma união estável, pois não dá para normatizar uma relação de afeto." O caminho mais seguro é formalizar mesmo um pacto nupcial, estabelecendo o regime de comunhão: se parcial, universal ou com separação total de bens. Nele podem ser detalhados a divisão dos bens adquiridos antes da assinatura do documento, a guarda dos filhos e até o não exercício do direito de pensão entre os companheiros numa eventual separação.

Controladores querem manter participação na Vale

Os atuais acionistas da Vale deverão acompanhar o aumento de capital da companhia, comprando ações na oferta de US$ 15 bilhões pretendida pela mineradora. No entanto, alguns analistas não descartam a possibilidade de a operação resultar em mudanças na posição de controle da empresa existente hoje.

"A operação já foi aprovada pelo conselho da empresa e, se foi encaminhada a ele, é porque havia consenso sobre a necessidade. Acredito que todos irão acompanhar a operação", afirma Pedro Galdi, analista da corretora SLW. Leonardo Alves, analista da Link Corretora, lembra que a Valepar terá necessariamente de acompanhar a oferta. "A holding detém fatia de controle de 52,3% da Vale e qualquer pequena diluição poderá significar a perda deste status."

Há a avaliação de que os acionistas controladores da Vale, abrigados na Valepar, terão que pegar dinheiro no mercado para participar do aumento de capital. Em um cálculo preliminar, só a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, maior acionista, com 18% do capital total da Vale, vai ter que desembolsar US$ 2,7 bilhões se não quiser diluir sua participação.

A Bradespar, segundo maior acionista da Valepar, tem uma fatia de 5,7% do capital total da Vale e vai ter que captar no mínimo US$ 855 milhões. O mercado já trabalha com a expectativa de que a Bradespar realize a já anunciada intenção de se desfazer da participação de 9% nas ações da CPFL para se capitalizar.

A japonesa Mitsui tem também uma fatia de 5,7% no capital total da companhia, necessitando portanto de US$ 855 milhões para entrar na oferta primária. O BNDES detém 3,5% e, portanto, deve desembolsar US$ 525 milhões. No total, os acionistas deverão levantar cerca de US$ 5 bilhões para acompanhar a operação de US$ 15 bilhões da Vale.

Entretanto, segundo fontes do setor financeiro, são possíveis vários arranjos dentro da Valepar. A Previ e o BNDES, por exemplo, podem se articular para que o banco aumente sua posição, enquanto a Previ mantém a sua.

Isto é possível, dizem analistas. A Previ possui 49% das ações ordinárias da Valepar e 100% das preferenciais (que correspondem a 8% do capital total da holding) tendo portanto 57% do capital total da controladora da Vale. Como nenhum acionista isoladamente pode deter mais de 49% das ações ordinárias na Valepar, estas ações preferenciais (que eram ordinárias e viraram preferenciais para a Previ obedecer o limite de participação na holding) podem ser vendidas a algum outro controlador.

Neste caso, elas são imediatamente reconvertidas em ordinárias. O BNDES pode se candidatar a comprar estes papéis para ampliar sua presença no controle da mineradora, sem a Previ colocar a mão no bolso no aumento de capital pretendido pela Vale.

A japonesa Mitsui também poderia se candidatar a adquirir estas ações, mas, por ser estrangeira, suas chances são vistas como reduzidas pelas fontes ouvidas pelo Valor. O mais provável, porém, seja que Previ e BNDES se articulem para o banco ampliar sua presença no bloco de controle garantindo assim que a Vale se mantenha como uma empresa de capital nacional. Esta foi uma das exigências do governo brasileiro quando a Vale estava negociando a compra da Xstrata.

Outra negociação que poderá rolar internamente na Valepar seria dentro da Litel, a Sociedade de Propósito Específico (SPE) criada para abrigar a Previ e os fundos de pensão Petros, Funcef e Cesp. A Previ tem 80,62% da Litel e os outros três fundos participam com 19,37% no veículo, por meio de um fundo de investimento. A Petros, por exemplo, detém 6,95% da Litel e seus dirigentes gostariam de ampliar esta fatia, garantindo uma presença maior no bloco de controle. Portanto, a chance de um rearranjo dentro da Litel não é descartada, aproveitando a oferta primária.

O analista do JP Morgan Rodolfo R. de Angele, prevê em relatório que a oferta estará estruturada até meados de julho. Ele não espera que os acionistas controladores tenham diluição de suas participações. O JP Morgan destaca que a nova oferta pavimenta o caminho para novas aquisições da Vale. Para o analista, a brasileira sabe muito bem o que quer. Ela busca ativos de cobre e carvão, principalmente. Em segundo plano, de alumínio, desde que seja produzido com energia a baixo preço. Neste contexto, uma opção pela Freeport McMoran Copper & Gold é correta, pois ela é a sétima produtora mundial de cobre. A Xstrata e a Anglo American representam as melhores aquisições por serem grandes empresas diversificadas.

Já relatório do banco de investimento Merrill Lynch divulgado ontem insiste na Xstrata como o alvo preferencial da Vale. O negócio, com um valor de mercado da Xstrata de US$ 80 bilhões e mais prêmio de 25%, poderia alcançar US$ 100 bilhões.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Só o Brasil elevou preços

O Brasil foi o único país da América Latina que reajustou os preços internos dos combustíveis diante da disparada do petróleo, aponta a Agência Internacional de Energia (AIE), em relatório de ontem. As demais nações optaram por elevar ou manter os subsídios.

A entidade lembrou que no início de maio a Petrobras anunciou um reajuste de 10% para a gasolina e de 15% para o diesel, os primeiros desde 2005. "Preocupado com as pressões inflacionárias, o governo reduziu o imposto sobre a gasolina para manter o preço na bomba", diz a AIE. "No caso do diesel, a redução foi marginal e os preços subiram 9%."Para a AIE, os carros bicombustíveis também contribuem para segurar a gasolina.

O Chile adicionou mais US$ 1 bilhão ao seu fundo de estabilização dos combustíveis, que visa amortecer as flutuações.A meta do governo é uma redução de preços de 10%. O imposto sobre o diesel cairá 80% entre 1º de julho deste ano e 30 de junho de 2009.

Na Colômbia, o governo adiou planos de eliminar subsídios, num esforço para manter a inflação sob controle. Para reduzir o impacto fiscal, as empresas do setor terão de fazer uma "contribuição adicional", que ainda será definida.

Argentina, México e Venezuela seguem relutantes em remover seus regimes de administração de preços . Para a agência, o México e a Venezuela podem suportar os subsídios devido as suas posições de exportadores. A AIE avalia que o custo dessa política representa 2% do PIB mexicano e 7% do venezuelano. No caso da Argentina, a AIE nota que o país se depara com desabastecimentos constantes, já que as empresa privadas relutam em abastecer o mercado doméstico.

As medidas de aperto ao crédito anunciadas sábado por Pequim, as contínuas preocupações referentes à alta dos preços do petróleo e o enfraquecimento econômico global fizeram as Bolsas da China apresentar a maior queda diária porcentual em um ano. O índice Xangai Composto caiu 7,7% e fechou aos 3.072,33 pontos, o pior fechamento desde 22 de março de 2007 e o maior declínio diário desde 4 de junho do ano passado, quando desabou 8,3%. O Shenzhen Composto perdeu 8% e encerrou aos 928,20 pontos.

As bolsas chinesas estavam fechadas por causa de feriado."Um recuo abaixo de 3.000 pontos no Xangai Composto é limitado, à medida que os investidores entrarão logo em busca de ofertas de ocasião, com esperanças de que o governo irá lançar políticas pró-mercado para prevenir futuras quedas adicionais", disse Tang Xiaosheng, analista da Guosen Securities.

Segundo os analistas, políticas pró-mercado podem incluir o lançamento de margens de negociação acionária e a aprovação de novos fundos de ações.Para os analistas, o esforço do banco central chinês visa ainda conter a excessiva liquidez, com lançamento freqüentes de ofertas públicas iniciais (IPOs, em inglês), que tem superaquecido a economia.

O Banco do Povo da China aumentou em 0,50 ponto porcentual a taxa de reserva bancária (depósito compulsório), a partir de 15 de junho. E estabeleceu novo aumento de 0,50 ponto porcentual para 25 de junho, o que elevará a taxa para 17,5% ao ano. As ações de empresas do setor imobiliário sofreram fortemente com essas medidas, que devem elevar os custos dos fundos e reduzir suas margens de lucros. China Vanke e Poly Real Estate Group atingiram a baixa limite diária de 10%.

Os papéis dos bancos tiveram desempenho similar, com a perspectiva de redução dos empréstimos. China Merchants Bank e Shanghai Pudong Development Bank também atingiram a baixa limite de 10%. Já as refinarias caíram fortemente com preocupações de que a alta do petróleo irá afetar seus rendimentos. China Petroleum & Chemical caiu 8,4% e Sinopec Shandong Taishan Petroleum atingiu o limite negativo de 10%.

Intra fica fora da OGX

A Corretora Intra também ficará de fora da oferta de ações da OGX por ter usado material de divulgação da oferta sem que ele tivesse sido previamente aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O mesmo ocorreu com a Interfloat.

Nova oferta para Suzano

A Petrobras terá que fazer uma segunda oferta pelas ações da Suzano Petroquímica, com o objetivo de retirá-las do Nível 2 da Bovespa. A estatal confirmou em comunicado que fará a operação. Os investidores terão escolherão em assembléia a companhia que fará um laudo para determinar o valor de compra dos papéis.


US$ 15 bi ainda é pouco

A captação de até US$ 15 bilhões pretendida pela Vale do Rio Doce é grande, embora não seja suficiente para as ambições da empresa. O montante que a companhia quer levantar com a emissão de novas ações representa muito em dinheiro em qualquer lugar do mundo, porém é pouco quando o pano de fundo é a consolidação global do setor de mineração. Mesmo em relação ao seu valor de mercado a proporção não assusta. Trata-se de menos de 10% de sua avaliação, de US$ 170 bilhões, no fechamento do pregão de ontem.

Para um passo mais ousado na consolidação setorial, a mineradora precisará de muitos bilhões a mais. "O montante é curioso, em nossa visão. Parece pouco para uma corrida pela Freeport-McMoRan Copper & Gold, que poderia requerer mais US$ 50 bilhões em dívida", comenta o analista Alexander Hacking, do Citi, citando uma potencial candidata à aquisição pela Vale também destacada por outros especialistas. Por hora, os recursos melhorarão a estrutura de capital e ajudarão a fazer frente tanto a investimentos em aumento de capacidade quanto em aquisições.

Embora não seja suficiente para isoladamente bancar um grande negócio, o anúncio da Vale deixou o mercado convencido de que ela se prepara para lançar uma oferta hostil internacional. As apostas recaem, num primeiro momento, sobre a Anglo American, quarta maior do mundo. A avaliação é que a brasileira está se armando para ir à guerra.

Depois de engordar substancialmente o caixa, que estava em US$ 2,2 bilhões em março, a companhia estará em posição mais confortável para lançar-se em batalhas hostis de aquisição. Como a dívida líquida estava em US$ 18,3 bilhões no encerramento do primeiro trimestre, o ingresso de capital almejado melhorará significativamente a alavancagem. "A dívida líquida ficaria próxima de zero", segundo o analista Jorge Beristain, do Deutsche Bank.

A megaoferta de ações, que poderá ocorrer no segundo semestre, deixará a mineradora confortável para fazer uma captação em dívida entre US$ 50 bilhões e US$ 80 bilhões. E importante: após a operação, mesmo uma alavancagem desse porte não ameaçaria o grau de investimento da segunda maior mineradora do mundo. Isso porque a relação entre a dívida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) não passaria de 2,5 vezes. Além de potenciais compras, a Vale possui um plano estratégico já anunciado de investimentos de US$ 59 bilhões.

O anúncio da companhia na manhã de ontem foi recebido sem surpresas pelos analistas setoriais. Desde a semana passada, circulavam rumores de que a Vale poderia fazer uma grande emissão de ações. O Banif Investment Bank chegou a escrever, na quarta-feira, que a companhia anunciaria uma operação de US$ 12 bilhões - bastante próximo do valor efetivamente divulgado pela empresa. Os rumores circularam com força durante evento do setor de siderurgia promovido pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), no Sofitel, no Rio de Janeiro.

A diretoria da Vale, segundo o comunicado, aprovou a realização de uma oferta primária no dia 26 de maio. Só ontem cedo, porém, decidiu informar que submeterá tal tema ao conselho de administração.

Embora a estrutura societária da Vale permita que a emissão seja toda em ações prefereciais classe A, a companhia informou que também serão ofertados novos papéis ordinários (ON, com direito a voto). O capital total da mineradora é composto 60% por ordinárias e 40% por preferenciais, embora o estatuto da empresa admita a emissão de papéis sem direito a voto até dois terços da quantidade total. Bastaria o conselho aprovar, sem necessidade de mudança do estatuto. O documento permite que a companhia aprove emissões de ações que, pelas atuais cotações em bolsa, somem cerca de R$ 290 bilhões.

Ainda não há detalhes sobre a quantidade de papéis a ser emitida. Também não há informações se os atuais controladores participarão da operação para não serem diluídos. Grandes acionistas do bloco de controle como a Bradespar e a Previ não se posicionaram.

Os analistas, entretanto, não consideram a possibilidade de redução da fatia detida pela holding controladora, a Valepar. A companhia reúne a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil , BNDESPar, Bradespar e ainda o grupo japonês Mitsui & Co.. No máximo, julgam possível um rearranjo das fatias em Valepar, embora a operação não seja suficientemente grande para mudanças substanciais. A diluição na participação dos acionistas que não participarem da oferta será da ordem de 9%.

Para Eduardo Roche, gerente de renda variável do Modal Asset, a oferta primária vai preservar a relação entre ordinárias e preferenciais. Na sua análise, o risco de perda de controle pelos atuais acionistas ocorreria em duas situações: conversão de preferenciais para ordinárias ou uso da ação com direito a voto como moeda de troca para uma aquisição. "Neste caso atual, o risco de diluição é zero."

Na visão do Banif Investment, a decisão de ofertar ordinárias tem relação tanto com o desejo dos controladores de manterem sua participação inalterada quanto com o apetite do investidor estrangeiro, que concentra suas apostas nesse tipo de papel.

Nos relatórios divulgados hoje, os analistas do Deutsche Bank, Citi e Goldman Sachs mantiveram a recomendação de compra para as ações da empresa.

Atualmente, 39,1% das ações ordinárias e 98,3% das preferenciais da companhia estão em circulação no mercado, equivalente a cerca de R$ 160 bilhões - ou 60% do valor de mercado da empresa na bolsa paulista.

Grau de investimento traz novos fundos ao Brasil

A classificação do Brasil como um país seguro para se investir aumentou o interesse dos fundos de private equity pelo país. Especializados em comprar participações em empresas, os fundos se apressam para aproveitar as oportunidades e já mostram interesse até por cemitérios, investimento comum lá fora. Algumas grandes gestoras já procuram fundos estabelecidos no Brasil e que conhecem bem o mercado local para fazerem investimentos em conjunto. Outras resolveram abrir escritório aqui e começarem do zero as operações.

Luis de Lucio, sócio da empresa americana Alvarez & Marsal, especializada na reestruturação e preparação de companhias para receberem investimentos de um fundo de private equity ou de investidor estratégico, diz que o movimento é intenso. Segundo ele, que mora nos Estados Unidos e passou por São Paulo na semana passada, em alguns setores onde o Brasil tem maior potencial de crescimento, como o de varejo, há muito mais fundos interessados em participar de aquisições do que investidores estratégicos. "Mesmo com custo financeiro elevado, as empresas brasileiras são muito eficientes."

Como a Alvarez prepara empresa para os private equities, tem contato direto com as carteiras. Entre seus clientes estão grandes fundos, como Advent, Darby, Blackstone, Cartesian e Marathon. Segundo ele, os próprios clientes da A&M lá fora já sondam a empresa sobre oportunidades no mercado brasileiro.

Um dos fundos interessados no Brasil é o americano Cerberus Capital, que ficou conhecido por comprar a Chrysler. O fundo, sexto maior dos EUA, também investe na Air Canadá e na GMAC, o braço financeiro da General Motors. O fundo é um dos maiores dos EUA. Outro interessado é o Coller Capital, com US$ 8 bilhões sob gestão.

Além desses, há os que chegaram recentemente ao Brasil, já com a perspectiva de o país ser considerado investimento seguro. Entre eles, estão Carlyle (a maior gestora do mundo), Cartesian, Actis, Permira e Apax.

Com o investment grade, o número de compradores de empresas brasileiras aumentou. Lucio fala que fundos de private equity dedicados a emergentes em geral vão aumentar a fatia reservada para Brasil. Outros fundos, que não estão autorizados a operar em países que não são considerados investimento seguro, também vão passar a olhar o Brasil mais de perto.

Em meio à euforia com o Brasil, até os hedge funds estão participando de compras de empresas. Essas carteiras entram em algumas operações com um empréstimo à empresa. Ou seja, por meio de operações estruturadas viram credores das companhias.

A Alvarez & Marsal chegou ao Brasil em 2005 e tem atualmente 25 executivos. A empresa participa diretamente da gestão das companhias que contratam seus serviços. No Brasil, já trabalhou em um plano de reestruturação da Varig e participou da operação que levou à venda da rede de lojas Leader, no Rio, para a Renner. Também cuidou da Parmalat. Nos Estados Unidos, participou da reestruturação da Levi Straus, que fabrica as calças Levi's.

Como prova da confiança do investidor estrangeiro no Brasil, Lucio fala de uma operação que a A&M fez para a Decta Engenharia, uma empresa imobiliária do Piauí. No auge da crise americana, bem no momento em que o Bear Stearns faliu, eles conseguiram, em 48 horas, a aprovação para fechar um empréstimo no exterior de US$ 30 milhões para a Decta.

Entre o prêmio e o risco


A alta de 0,5 ponto percentual imposta ao juro básico, a Selic, na semana passada provocou um aumento instantâneo nas taxas longas projetadas no mercado futuro e tornou a remuneração garantida pelos títulos públicos prefixados mais apetitosa. No Tesouro Direto, o sistema de negociação de papéis federais pela internet, Letras do Tesouro Nacional (LTN, com remuneração determinada no momento da compra) com vencimento em julho de 2010 esbarram num retorno anual de 14,84%, bem acima da Selic corrente, de 12,25%, e da taxa primária estimada para daqui a dois anos, na casa dos 11% ao ano. No jargão do mercado, isso quer dizer que há prêmios para quem quiser agora prefixar seus investimentos emprestando parte da sua poupança para o governo. Mas será que vale o risco?

Num papel pré levado até o vencimento, não há exatamente como o investidor perder o capital aplicado como ocorre na renda variável. O pior dos mundos está, entretanto, na possibilidade de o Banco Central (BC) ser obrigado a elevar a Selic acima daquilo que o mercado está prevendo, a fim de conter as pressões inflacionárias. "Se a gente dá credibilidade à política econômica do governo, que os aumentos da taxa feitos pelo BC serão eficientes e vão surtir efeito na inflação de 2009, é hora de prefixar os investimentos", diz o superintendente de Tesouraria do Banif Banco, Rodrigo Trotta. Ele lembra, porém, que tal opção representa uma aposta e um risco e só no vencimento é que o aplicador saberá se foi ou não um bom negócio.

O Brasil tem condições de acomodar os choques inflacionários originados no front externo e as commodities, mesmo que continuem em alta, tendem a subir menos do que em 2007, espera o economista-chefe da Gradual Corretora, Pedro Paulo da Silveira. Considerando-se que o país ainda tem taxas de juros reais elevadas e acabou de ser alçado a grau de investimento não-especulativo, é de se esperar que o BC não tenha de subir tanto a Selic, argumenta. "Vai aumentar muito a demanda por títulos da dívida pública ao longo do tempo", diz, referindo-se ao capital externo.

Com o selo conferido pelas agências Standard & Poor's e Fitch Ratings, muitos fundos globais poderão endereçar parcela de seus recursos para o mercado brasileiro. Em tese, a maior procura pode significar preços mais altos, e, conseqüentemente, retornos menores para os títulos do Tesouro Nacional. Assim, o investidor local que se antecipasse à entrada desse dinheiro teria condições de levar para casa um ativo com remuneração melhor do que aquela que estará em vigor lá na frente.

Acertar qual o melhor momento para assumir exposição direta em taxas de juros (o chamado risco de mercado) não é uma tarefa corriqueira, adverte Silveira, da Gradual. Pode ocorrer de o investidor predeterminar o seu ganho agora e, daqui a duas semanas, esse retorno ficar comparativamente pequeno ao que a mesma LTN estará garantindo. Para quem quer evitar esse descompasso, a busca por um fundo de renda fixa ativo pode ser a melhor alternativa, sugere. O problema são os custos, já que, em geral, o investidor de varejo não consegue ter acesso a carteiras com taxas de administração baixas, pagando até 4%, 5% ao ano para delegar a administração da sua poupança a um gestor profissional.

No Tesouro Direto, há desde corretoras que não cobram pelo serviço, como Banif, Codepe, Socopa e Spinelli, até aquelas em que o custo é tão elevado quanto num fundo de varejo, caso de Itaú (4% ao ano) e Bradesco (4% mais R$ 25,00 por operação). Entre as corretoras dos grandes bancos, as taxas mais competitivas estão no HSBC (0,30%), Unibanco Investshop (0,35%), ABN Amro Real e Caixa Econômica Federal (0,40%), além do Banco do Brasil (0,50%). Em todos os casos, há ainda o custo de 0,40% ao ano da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).

No Unibanco há todo um incentivo para o investidor diversificar seu portfólio também com o Tesouro Direto. Tanto que, a exemplo do que fez o BB (que lidera o último ranking dos agentes de custódia), está em construção o acesso à compra e venda de títulos públicos pelo internet banking, conta o diretor da Unibanco Investshop Corretora, André Lissker. Junto com a tecnologia, ele sabe que será preciso semear a cultura de que a aplicação, apesar de ser de renda fixa, não é isenta de risco. "O aplicador tem de aprender que, no longo prazo, se ele não estiver num papel que segue o CDI, o investimento também está sujeito a solavancos", afirma.

Lissker considera o cenário atual ainda benigno. O Brasil tem trilhado o caminho da disciplina fiscal e mesmo com a balança comercial dando sinais de reversão, não há uma situação de risco para as contas públicas ou externas que coloquem em xeque a solvência do governo, pondera. Em meio às pressões correntes sobre o custo de vida e em pleno ciclo de aumento de juros, ele prefere os títulos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador que baliza o sistema de metas perseguido pelo BC. Isso porque numa Nota do Tesouro Nacional série B (NTN-B, corrigida pelo índice oficial), os juros de longo prazo já incorporaram um ajuste significativo na Selic. "Os prefixados não seriam a minha primeira opção porque não embutem nenhum ganho real." Ontem, a NTN-B Principal (que paga juros e principal só no vencimento) garantia retorno de 6,94% ao ano, mais a inflação.

As Letras Financeiras do Tesouro (LFT, pós-fixadas), que acompanham a Selic na alta ou na baixa, são a opção mais conservadora no momento, diz o gerente da Coinvalores, Otávio Sant'Anna. Mas não custa nada ao investidor fazer um mix com as diversas alternativas disponíveis no Tesouro Direto. "Assim como numa carteira de ações, em que o portfólio pode ser composto com papéis mais arriscados e outros menos, o mesmo pode ser feito na parcela dos recursos destinada à renda fixa", compara. Para o perfil menos afeito a riscos, ele sugere de 70% a 80% em papéis pós, dividindo o restante em prefixados e títulos de inflação.

Lissker, da Unibanco Investshop, ainda lembra que tão importante quantos os custos e a remuneração é o prazo do investimento. Com papéis de menor duração, a aplicação fica mais suscetível a eventos inflacionários transitórios, seja nos prefixados, seja nos ativos indexados ao IPCA. Títulos com vencimento em mais de dois anos, sem pagamento de juros semestrais, também passam a se beneficiar da melhor alíquota da tabela regressiva de imposto de renda, que começa em 22,5% para intervalos de até 180 dias; 20% para investimentos entre 181 e 360 dias; 17,5% para prazos entre 361 e 720 dias, caindo a 15% nas aplicações em período superior.

Lehman anuncia prejuízo de US$ 2 bi e capta US$ 6 bi

Nova York, 10 de Junho de 2008 - O Lehman Brothers Holdings informou um prejuízo de US$ 2,8 bilhões no segundo trimestre, o primeiro desde que a empresa abriu seu capital, em 1994, e captou US$ 6 bilhões para ajudar a sobreviver ao colapso do mercado de imóveis residenciais.
As ações do quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos caíram até 12% no pregão de Nova York, depois de vender ações comuns e preferenciais a um preço 13% abaixo do fechamento em 6 de junho. A empresa, sediada em Nova York, vendeu cerca de US$ 130 bilhões em ativos no trimestre e reduziu suas posições vinculadas ao crédito imobiliário residencial e a empréstimos alavancados em até 35%.
O principal executivo, Richard Fuld, que disse estar "muito decepcionado" com os resultados e que vai aumentar os US$ 8 bilhões captados desde fevereiro para reduzir a preocupação de que a contração do mercado global de crédito derrubaria a sua empresa. Bancos e corretoras captaram mais de US$ 285 bilhões para compensar quase US$ 390 bilhões de baixas contábeis e perdas desde o início do ano passado.
"É algo que acalma as pessoas, saber que tudo está sob controle", disse David Hendler, analista da CreditSights em Nova York. "Mostra que o mercado continua difícil. Eu diria que o Lehman provavelmente não é a única corretora que está sofrendo esse tipo de pressão." As ações do Lehman, negociadas na Bolsa de Valores de Nova York, ontem chegaram a cair a até US$ 28,50. As ações são as de pior desempenho este ano do índice Amex Securities Broker/Dealer, de 11 membros.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Avaliação e preço da Nossa Caixa sai em quatro meses

Dentro de três meses o Banco do Brasil e o governo do Estado de São Paulo vão discutir o preço da venda da Nossa Caixa, com base em avaliações feitas por quatro bancos e empresas de consultoria. A expectativa é que, se houver acordo, a incorporação do banco paulista pelo BB possa ser concretizada dentro de seis meses, em novembro.

O BB comunicou, na sexta-feira, que contratou a empresa de consultoria Accenture e o banco UBS Pactual, que irá trabalhar conjuntamente com o BB Banco de Investimento, para fazer duas avaliações da Nossa Caixa. O governo de São Paulo, que é controlador da Nossa Caixa, contratou o Banco Fator e o Citibank para fazer mais duas avaliações.

O diretor de estratégia e de organização do BB, Glauco Lima, lembrou que a Accenture e o UBS Pactual trabalharam para o Santander no processo de avaliação do Banespa e, por isso, têm algum conhecimento acumulado sobre o mercado bancário paulista. O UBS, disse Lima, atuou conjuntamente com o BB Banco de Investimento na oferta pública de ações do BB, em 2007.

Além de avaliar a Nossa Caixa, o UBS Pactual irá também atuar no assessoramento da operação, fazendo um estudo do mercado bancário e a análise de aspectos societários, regulatórios e tributários do negócio. Lima disse que os trabalhos vão apontar a melhor forma de financiamento da aquisição e determinar a melhor maneira de lançar a despesa com a operação no balanço do BB.

O processo de avaliação da Nossa Caixa será um pouco diferente do modelo usado no Besc, o banco de Santa Catarina. Lima disse que, no caso do Besc, foi necessário avaliar o BB porque se trata de uma troca de ações. No caso da Nossa Caixa, afirmou, a tendência é que seja feita uma compra, com pagamento e dinheiro, e não troca de ações.

"O fato de as duas empresas, a Nossa Caixa e BB, serem do Novo Mercado da Bovespa nos levou a contratar quatro avaliações, sendo duas de cada lado", afirmou Lima, lembrando que os acionistas minoritários têm direito ao chamado tag along - pagamento por suas ações no mesmo preço oferecido ao acionista controlador.

Em fins de maio, o BB e a Nossa Caixa divulgaram fato relevante em que informam que está sendo discutida a incorporação do segundo pelo primeiro. As empresas já assinaram acordo de confidencialidade, que dá ao BB acesso a informações da Nossa Caixa. O BB negocia a incorporação de outros três bancos: de Santa Catarina, do Piauí e de Brasília.

‘Petrobras é petróleo e outras coisas mais

sexta-feira ilustra bem isso. O primeiro vencimento de contrato futuro do barril do petróleo do tipo WTI, para julho, fechou o último pregão em Nova York a US$ 138,54, um recorde absoluto, com uma alta de 8,41% no dia. As ações da Petrobras subiram, mas comeram uma poeira e tanto se comparadas com a commodity. As preferenciais (PN, sem direito a voto) subiram ínfimos 0,06% e as ordinárias (ON, com voto) insignificantes 0,01%. Analisando um período maior, a distância é ainda mais ampla, com o petróleo indo para um lado e os papéis da companhia, para outro. Na semana passada, o barril subiu 8,79% e as PNs da estatal caíram 2,88%. Já no ano, os dois ativos vão para a mesma direção, mas com uma distância abissal: o petróleo sobe 44,34%, enquanto as PNs da companhia se valorizam 8,35%. Portanto, olhar o desempenho do petróleo e acreditar que o mesmo irá ocorrer com os papéis da Petrobras é, no mínimo, precipitado e arriscado.

Um levantamento feito pela consultoria financeira CMA, com os dados dos últimos seis meses, mostra que a correlação entre o preço do petróleo e da ação da Petrobras é de 0,48. Isso significa que, num intervalo de 100 dias, por exemplo, em 48 deles o papel da companhia e o barril caminham na mesma direção, subindo ou caindo. A analista da CMA Tânia Martins Pereira afirma que essa correlação é considerável, quase a metade, mas mostra que está longe de ser total, como muitos acreditavam que ela fosse.

Se a correlação não é total, a distância entre o desempenho dos dois ativos menos ainda. O estudo da CMA aponta que, nos últimos seis meses, apenas 23% da variação das ações da Petrobras se explica pela oscilação do petróleo no período. "A conclusão é que as ações da Petrobras nem sempre vão para a mesma direção que o petróleo e muito menos sobem ou caem na mesma intensidade que a commodity", diz Tânia.

Com base nessas estatísticas, a CMA também fez algumas projeções sobre para onde iriam as ações da estatal conforme o nível do petróleo. Se o barril caísse para US$ 115, por exemplo, as PNs recuariam para R$ 43,66, uma queda de 8,26% ante o seu fechamento na sexta-feira. Já se o petróleo voltasse para os US$ 100, as ações cairiam para R$ 39,44, uma desvalorização de 17,13%. "Como a correlação vale tanto para baixo quanto para cima, no caso de uma queda, as ações da Petrobras perderiam menos que o petróleo", completa a analista.

"Os investidores compram as ações da Petrobras achando, erroneamente, que ela é apenas petróleo e, no entanto, há vários outros fatores importantes na vida da companhia", diz o analista do Banco Geração Futuro de Investimentos Lucas Brendler. Um deles, e que se refere exatamente ao petróleo, é que a empresa tem uma política muito particular de preços, e não repassa imediatamente para os seus produtos os aumentos do barril. Em última instância, quanto mais o petróleo sobe e a estatal não reajusta seus preços, mais ela perde, e não o contrário, como muitos imaginam. "À medida que o preço do petróleo fica em níveis elevados e por muito tempo, maiores são as chances da Petrobras ter perdas no seu negócio de refino", lembra Brendler.

A série de novas reservas - algumas com potencial de exploração gigantesco - que a companhia brasileira vem anunciando também é um fator relevante, que faz suas ações descolarem do preço do petróleo e, nesse caso, para o bem. Para o analista do Banco Geração Futuro, são exatamente esses anúncios que mais têm pesado no desempenho positivo dos papéis nos últimos meses. E, mesmo com toda a valorização que já tiveram, as ações ainda têm muito para subir, por conta do quanto essas novas reservas irão agregar de produção para a companhia, acredita Brendler.

O otimismo exagerado e o excesso de transações

Aquiles Mosca
Há grande evidência em estudos psicológicos de que temos a tendência de atribuir um otimismo exagerado a nossa própria sorte. Inexplicavelmente, acreditamos que, em se tratando de nós mesmos, a lei das probabilidades não se aplica. Em 1975, Langer promoveu uma experiência que mostrou que as pessoas estão dispostas a pagar o dobro por um bilhete de loteria se elas mesmas foram responsáveis pela escolha dos números ante a alternativa de comprar um bilhete cujos números foram escolhidos aleatoriamente. Ao agir de tal forma, os indivíduos demonstram acreditar que têm o dobro de chances de vencer se eles mesmos escolheram os números e estão dispostos a pagar o dobro por tal benefício, muito embora a probabilidade de vencer, qualquer que seja a origem dos números apostados, é a mesma, ou seja, baixíssima.

O otimismo com relação à própria sorte não é sempre prejudicial. Ele nos ajuda a manter a confiança, a serenidade e a esperança ante as incertezas. Contudo, quando lidamos com investimentos, o otimismo exagerado pode ter efeitos perversos sobre o processo decisório quando alimenta expectativas irrealistas ou se leva o investidor a ignorar riscos relevantes.

Quando o assunto é investimento, esse fenômeno faz com que concentremos a atenção no potencial de alta dos ativos, subavaliando a possibilidade de baixas. O otimismo exagerado têm como conseqüência direta o excesso de negociações ou excesso de trading.

Ter confiança exagerada na própria capacidade de gestão de recursos leva, por exemplo, milhões de investidores no mundo todo a optarem por gerir sua própria carteira de ações em vez de investir em um fundo de investimento que simplesmente reproduza um benchmark ou índice referência como o Ibovespa no caso da Bolsa de Valores de São Paulo. Esses investidores acreditam ser capazes de identificar ações que terão uma performance superior a do próprio mercado acionário.

Para comprovar essa hipótese, Barber e Odeon (2000) prepararam um estudo emblemático sobre esse comportamento. Analisando os movimentos de 66.465 clientes de corretoras de valores nos EUA entre fevereiro de 1991 e janeiro de 1997, os autores constataram uma taxa média de giro anual das carteiras de ações desses indivíduos de 75%, ou seja, a cada ano o volume de compras e vendas de cada investidor foi equivalente a três quartos do valor da carteira de aplicações desses investidores. É evidente que tal atividade tem um custo para o investidor, afinal, a cada movimentação, diversas despesas, além de impostos, são incorridas.

No caso dos quase 67 mil investidores que fizeram parte do estudo, essa movimentação de compra e venda, cujo objetivo primordial é agregar retornos extraordinários a suas carteiras de investimento, teve um custo de 1,9% ao ano, drenando parte dos rendimentos obtidos no período. Isso é bem mais do que os parcos 0,8% ao ano de rendimento que conseguiram obter acima do índice de referência que buscavam superar. Isto é, em cada um dos seis anos analisados, na busca por "barbadas" e retornos extraordinários, os investidores influenciados por otimismo e excesso de confiança, obtiveram uma performance que foi em média 1,1% abaixo do que teriam ganho caso tivessem simplesmente investido seus recursos em um fundo passivo que acompanhasse o indicador de referência (nesse caso o índice era o S&P 500).

Se levarmos em conta que as carteiras de ações desses investidores assumiram riscos na busca por retornos, os autores demonstram que o retorno ajustado pelo risco desses portfolios foi inferior ao retorno do índice de referência em 3,7%. Em outras palavras, o risco que tais investidores incorreram ao tentar obter retornos superiores ao oferecido pelo mercado não foi remunerado. Pelo contrário, esses riscos comprometeram os resultados das carteiras.

Outra conclusão importante do estudo é que os investidores mais ativos, ou seja, aqueles que compraram e venderam mais e por mais vezes no período, com 120% de giro médio anual de suas carteiras, tiveram uma performance pior que os demais investidores estudados. Esses indivíduos extremamente ativos em suas movimentações tiveram retornos anuais 4,9% abaixo do índice de referência antes de considerar o risco incorrido e 7,0% abaixo do benchmark depois de ajustar o retorno ao risco. Esse estudo é mais uma demonstração de que a bolsa de valores tende a premiar o investidor paciente e disciplinado e que o excesso de iniciativa tem um custo não desprezível para a carteira de aplicações.

Equipe tirada da Petrobras é 'garantia' para investidor

A experiência da equipe tirada da Petrobras a peso de ouro tem sido um dos pilares do argumento de venda da OGX Petróleo e Gás, empresa novata no setor e ainda sem reservas comprovadas.

Nas entrelinhas, os investidores têm lido que essa equipe possui mais do que simplesmente expertise técnico: tem também informações vindas de dentro da estatal que poderiam aumentar o grau de certeza de que há petróleo nos blocos arrematados.

Além de técnicos e diretores, é egresso da Petrobras o presidente da OGX, Luiz Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora. Na estatal, ele participou da implementação dos campos de Marlim, Barracuda, Albacora e Roncador. De 2006 a março deste ano, Landim presidiu a MMX.

Com o respaldo desse time dos sonhos do setor petrolífero, a OGX vem tentado convencer o mercado de que não está vendendo só promessas.

O que Eike Batista, dono da OGX, e seus assessores financeiros têm dito aos investidores é que seus "recursos potenciais" - 4,8 bilhões de barris equivalentes de óleo e gás, segundo estudo da empresa especializada DeGolyer & MacNaughton - constituem uma estimativa bastante conservadora, com uma probabilidade média de sucesso na exploração dos poços de 27%.

A OGX alega que sua equipe de exploração, toda ela vinda da Petrobras, obteve taxa de sucesso de 53% nos últimos quatro anos enquanto trabalhava para a estatal.

A maioria dos analistas de ações que cobre o setor de petróleo e gás está impedida de comentar a operação OGX porque praticamente todos os bancos e corretoras do mercado estão envolvidos no esforço de venda aos investidores (apenas os chamados qualificados, que terão que investir no mínimo R$ 300 mil na companhia). Esse fenômeno, que deixa o investidor sem orientação independente, se repete em todas as ofertas.

Nelson Rodrigues de Matos, analista da corretora do Banco do Brasil, é um dos poucos liberados para comentar. Para ele, o investidor que adquirir ações da OGX vai comprar o risco de se explorar ou não petróleo nos blocos. "Uma empresa de petróleo vale pelas reservas que tem, mas a OGX ainda não possui nenhuma comprovada. Então, o que há a fazer é confiar nos cálculos da consultoria internacional contratada para fazer as estimativas e na capacidade dos técnicos trazidos da Petrobras", diz.

No prospecto da oferta da OGX, a empresa argumenta que os blocos que possui ficam colados em outros de onde a Petrobras já extrai petróleo, o que aumentaria as suas chances de sucesso. "Embora essa proximidade não seja garantia de nada, é um bom indicativo", diz Matos. Mas ele lembra que a Bacia de Campos, a maior área produtora do país, onde a OGX tem sete blocos, já é operada há muito tempo e os seus principais campos já foram explorados.

Nas conversas com investidores, assessores financeiros da OGX têm defendido que a comparação com Petrobras não é justa porque a estatal é negociada com um desconto expressivo justamente por conta das interferências estatais em sua governança, cuja face mais visível é o controle sobre os preços da gasolina e diesel.

"Se a Petrobras fosse privada, poderia valer pelo menos o dobro", disse recentemente um executivo envolvido na transação. Já a OGX virá a mercado seguindo os padrões máximos de governança. Suas ações, todas ordinárias, serão listadas no Novo Mercado da Bovespa.

"Uma opinião de fato sobre o valor da empresa poucos conseguem ter", diz a analista Leila Almeida, da consultoria Lopes Filho. Por se tratar de um projeto, não é possível calcular o preço da empresa pelos métodos tradicionais. Mas esse não será o primeiro projeto que vem a mercado ainda embrionário com o objetivo de levantar recursos e deslanchar os planos. "No fim, essa é uma finalidade do mercado de ações." A própria MMX de Eike Batista é um exemplo até agora muito bem-sucedido.

Em dezembro, o empresário fez uma rodada de venda privada de ações da OGX e conseguiu captar US$ 1,3 bilhão ao atrair investidores de peso, entre eles o fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, o fundo UBS Prestige e o banco Morgan Stanley. A Centennial Asset Mining, de Eike, mantém 72,73% do capital da companhia antes da oferta desta semana. Depois dela, poderá ficar com fatia entre 58% e 62%, dependendo do número de ações efetivamente vendidas. Os recursos levantados em dezembro foram aplicados na compra dos blocos leiloados pela ANP e serão usados ainda nos primeiros estudos exploratórios das reservas.

Com o dinheiro que pretende levantar agora, Eike Batista quer dar continuidade aos estudos exploratórios, investir em novos blocos e começar a desenvolver as "descobertas esperadas".

"O investidor que comprar ações da OGX estará adquirindo coisas menos palpáveis, como a qualidade dos executivos, a capacidade de Eike Batista de entregar bons negócios e, claro, o cenário promissor do petróleo no Brasil", diz um analista. A julgar pela quantidade de investidores que, comenta-se, querem um pedaço da OGX, Eike não tem com o que se preocupar.


Lehman Brothers deve levantar US$ 5 bilhões

Nova York, 9 de Junho de 2008 - O Lehman Brothers Holdings, que se prepara para informar o que deverá ser seu primeiro prejuízo trimestral desde sua estréia na bolsa, em 1994, está em conversações para levantar até US$ 5 bilhões no início desta semana, disse uma fonte familiarizada com a questão.
Fundo de pensão
Os executivos do Lehman estão negociando com pelo menos um fundo de pensão norte-americano e um investidor estrangeiro, segundo a fonte, que preferiu não ter seu nome divulgado pelo fato de e as discussões serem confidenciais. Mark Lane, porta-voz da empresa, sediada em Nova York, optou por não se pronunciar sobre a captação.
O Lehman, o quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos, já vendeu bônus e ações preferenciais a fim de gerar US$ 8 bilhões em capital desde fevereiro. Seu principal executivo, Richard Fuld, está tentando reduzir a alavancagem da empresa, o coeficiente do capital de terceiros sobre o capital próprio, a fim de ajudar a neutralizar a queda do valor de seus títulos. A preocupação de que o Bear Stearns Cos estaria enfrentando uma escassez de dinheiro em caixa empurrou a empresa para a beira da falência em março.
A intenção deles é desalavancar seu balanço patrimonial e eles tomaram algumas medidas fartamente divulgadas a fim de fazer isso", disse David Goldman, estrategista-sênior de investimentos da Asteri Capital, de Nova York, no início da semana passada. "``Não tenho dúvidas de que eles terão sucesso.''''
As ações do Lehman na bolsa de valores recuaram 49% este ano, num momento em que a empresa luta com a queda da divisão de crédito imobiliário e de crédito estruturado. O enfraquecimento da demanda por empréstimos de alto rendimento e por valores mobiliários lastreados em imóveis obrigou várias empresas, como o Citigroup Inc. e a Merrill Lynch & Co. a divulgar prejuízos recorde.
Gazeta Mercantil

sábado, 7 de junho de 2008

Garrafas personalizadas

Eu que moro em SP e quase não bebo cerveja nem me lembrava mais das garrafas de côr ambar.

Sei que existem alguns bares que ainda servem cerveja em garrafas, mas nos supermercados que eu conheço não tem como retornar estes vasilhames.

Bom, a única razão que ainda vejo para usar garrafa de vidro é o apelo ambiental. Mas quanto será que custa a logística de reversa... É mais vantajoso usar a latinha de alumínio?


A SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça determinou nesta terça-feira a adoção de medida preventiva proibindo a Ambev de vender cerveja em garrafas de 630 ml com o nome da marca gravado. O padrão usado pelo mercado é garrafa de 600 ml.

A secretaria instaurou ainda processo administrativo contra a Ambev --responsável por marcas como Skol, Brahma e Antarctica-- para investigar se houve infração à ordem econômica por parte da empresa decorrente da venda de cerveja em garrafas personalizadas.

De acordo com a secretaria, há "indícios suficientes à instauração" do processo e "iminência de dano irreparável ou de difícil reparação à concorrência no mercado de cerveja", por isso a adoção de medida preventiva.

O órgão deu dez dias para que a Ambev pare de envasar cerveja nas garrafas irregulares. A medida determina ainda que, em até três meses, a Ambev recolha os vasilhames e que, até que todas as garrafas sejam recolhidas, a empresa coloque à disposição dos concorrentes um número de fax para que eles possam solicitar a troca das garrafas por embalagens comuns.

Caso a Ambev desobedeça as determinações da SDE, será multada em R$ 100 mil por dia. Procurada, a Ambev ainda não retornou.

A investigação da SDE foi feita depois de denúncia da Kaiser e da Cervejaria Imperial, além da Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas) e Afebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil. As concorrentes alegam que a garrafa personalizada dará vantagens à Ambev já que 70% das garrafas de cerveja e refrigerante em circulação pertence à companhia. Como as garrafas são retornáveis, se o nome da Ambev for gravado na garrafa, as outras marcas não poderão usá-las.

Além de gravar em alto-relevo a marca Ambev na parte superior da garrafa e "Qualidade Ambev" na parte inferior, a empresa utiliza garrafas de 630 ml, acima do padrão de 600 ml usado por todas as marcas.

Conar

O limite entre o sensual de bom gosto e o erótico de mau gosto é bem tênue. Mas seria um traço do extremo conservadorismo da sociedade?

A campanha já veiculou, quem não viu vai ficar sem ver... Fico imaginando a esta altura se a DM9 está comemorando ou se está preocupada em perder o cliente. Porque a campanha acaba repercutindo, a C&A ganha espaço de mídia de graça. Mas será que houve danos a imagem...



O Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) pediu a suspensão da campanha “Papai-mamãe não!” da C&A, criada pela DM9DDB, pelo Dia dos Namorados (leia mais sobre a campanha aqui).

Por conta de reclamações de consumidores, o processo foi aberto nesta quinta-feira (5). O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) enviou nesta sexta-feira (06) ao Conselho pedido de suspensão da campanha.

Na avaliação do Idec, a ação contraria artigos do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do próprio Conar, já que estimula a juventude a um comportamento sexual irresponsável, além de denegrir valores familiares.

O instituto pediu também que o Ministério Público Federal (MPF) e o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) tomem as providências cabíveis com relação à campanha.

Em comunicado, a C&A informa que recolheu todo o material disponível em seus pontos-de-venda e fez alterações nos comerciais de televisão, "em virtude da repercussão gerada pela campanha do Dia dos Namorados".

O texto diz ainda que "em nenhum momento, a C&A teve a intenção de provocar constrangimento".

Sergio Valente, presidente da DM9DDB, reafirma o fato da agência já ter acatado a decisão e de jamais jamais ter tido a intenção de ofender ou provocar alguém. Aliás, ele está certo de que a campanha, de fato, nã agride ninguém. "A campanha é jovial, nada mais do que isso".

Ele também confirma que a agência já providenciou a retirada de encartes das lojas e realizou uma reedição dos três comerciais, mudando a trilha, retirando os trechos protagonizados pela modelo Daniella Sarahyba e focando na promoção em 8 vezes, com 100 dias para pagar a primeira parcela, e na festa realizada pelos jovens, como mostra a imagem ao lado.

"É complicado, porque um pequeno grupo que se manisfesta por não gostar consegue tirar do ar uma campanha, em detrimento de um grupo, provavelmente muito maior, que gosta mas não se manifesta", completa Valente.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Investimentos - Critérios de peso na avaliação

O Ranking AE Empresas avalia as ações de acordo com os seguintes quesitos:

VARIAÇÃO DO RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO

O chamado delta ROE é um indicador de rentabilidade que relaciona lucro e patrimônio da companhia. Para o investidor, quanto maior o aumento do retorno, melhor.

PREÇO SOBRE LUCRO

É a relação entre o preço da ação e o lucro obtido pela companhia. Uma relação alta entre preço da ação e o lucro obtido pela companhia indica que os investidores esperam lucros crescentes da empresa.

PREÇO SOBRE VALOR PATRIMONIAL DA AÇÃO

É a relação entre o preço do papel e o valor patrimonial por ação. Quanto maior o P/VPA, mais o mercado está disposto a pagar pelos papéis.

DIVIDENDO SOBRE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

É a soma dos dividendos e juros pagos sobre o capital, divididos pelo patrimônio líquido. Mostra o retorno do investidor com o pagamento de dividendos feito pela empresa.

OSCILAÇÃO

É a variação (valorização ou desvalorização) da cotação da ação no período.

VOLATILIDADE

Mede o sobe-e-desce da ação. Um papel pouco volátil não registra alterações bruscas de preço. Quanto menor a volatilidade, melhor para o investidor.

LIQUIDEZ

CSN é líder em valorização com alta de 157%

O pequeno poupador brasileiro teve, nos últimos quatro anos, um período ótimo para as aplicações na Bolsa - mas péssimo para aprender a planejar seus investimentos. O motivo foi exatamente o desempenho excepcional do mercado acionário, que deu a falsa impressão de que investir nesse tipo de ativo é fácil, pouco arriscado e garante retorno no curto prazo.

Para o investidor que pensa em aplicar em ações de maneira mais madura, com maior margem de segurança e mirando o longo prazo, há uma regra básica: não escolher papéis apenas com base na valorização, seja +num período passado, seja numa expectativa para o futuro. 'As projeções de que uma ação vai subir devem ser vistas sempre com suspeita. O investidor não deve comprar só porque acredita que o papel vai subir. Isso não é tudo', afirma Fernando Exel, presidente da Economática, empresa de consultoria e pesquisa financeira.

A pedido da Agência Estado, a Economática calcula anualmente o Ranking AE Empresas, que chega a sua oitava edição e classifica o desempenho de ações de acordo com sete critérios, como volatilidade e liquidez (veja o quadro abaixo). Foram avaliadas 161 empresas de capital aberto, com patrimônio líquido superior a R$ 10 milhões. O estudo indica os papéis que tenham não apenas se valorizado o máximo possível ao longo de um período, mas tenham conseguido isso de forma estável, que tenham pago mais dividendos e sido fáceis de vender a qualquer momento - tudo isso acompanhado por melhora real nos resultados da empresa. No Ranking em 2008 (que utiliza os dados fechados de 2007), a empresa com melhor desempenho nesses critérios é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) - confira, na tabela ao lado, as 10 primeiras colocadas.

Entre os ótimos resultados obtidos pela CSN e que a colocaram no topo do Ranking está aquele mais visível pelos investidores: a valorização de 157% dos papéis ON da empresa no ano passado. Mas diversos fatores contribuíram para essa colocação. 'Estamos colhendo os frutos dos investimentos que fizemos para ter uma operação integrada', diz o presidente da empresa, Benjamin Steinbruch. 'Por competência e sorte, investimos em setores que estão muito aquecidos.'

As ações da CSN encerraram o ano com relação entre o preço e o valor patrimonial por ação (P/VPA) de 5,4 vezes, indicativo de que os investidores têm uma elevada percepção de valor dos seus papéis. A empresa também se destacou pela variação do retorno sobre o patrimônio líquido (delta ROE), que subiu 24,2 pontos porcentuais.

A importância de uma avaliação mais completa de cada papel cresceu desde o ano passado. Com a volatilidade das bolsas, acentuada desde meados do ano passado em razão do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, o investidor passou a buscar empresas mais sólidas, cujas ações oscilem menos e sejam facilmente negociadas. São as chamadas ações de valor ou velho estoque, que em muitos momentos podem até subir menos que o Ibovespa, mas proporcionam retorno garantido aos investidores.

Esta edição do Ranking espelha a escolha dos investidores por solidez. Embora alguns indicadores utilizados para a classificação das empresas neutralizem o tamanho, das dez premiadas, seis estão entre as 27 maiores do Brasil em valor de mercado, segundo dados da Economática. 'Em momento de oscilação intensa, o investidor favorece ações com menos volatilidade e alta liquidez', diz Exel.

A ação mais líquida do Ranking foi a Petrobrás. A combinação desses dois fatores é fundamental para que o investidor não perca dinheiro, caso seja obrigado a vender as ações em certo momento, por alguma emergência. Papéis com alta volatilidade podem passar por períodos de baixa, mesmo apresentando valorização ao longo do tempo. Papéis com baixa liquidez são difíceis de transformar em dinheiro rapidamente ou tendem a se depreciar muito numa venda apressada. Por isso, voltaram à lista das dez primeiras colocadas os grandes bancos, com Bradesco e Itaú.

Outro fator obrigatório, para quem pensa no longo prazo, é o pagamento de dividendos. Trata-se da remuneração oferecida aos acionistas, com base no lucro da empresa, periodicamente. A maioria das companhias brasileiras costuma fazê-la anualmente, enquanto os grandes bancos adotam distribuição mensal. O pagamento de dividendos robustos torna o papel mais atraente. Nesse quesito, a ação mais bem colocada foi a PN da AES Tietê.

Além dos critérios de desempenho, duas exigências crescem em importância: boa governança corporativa e boas práticas de sustentabilidade. Os prêmios Destaque Novo Mercado e Destaque Sustentabilidade foram vencidos nesta edição por Positivo e Bradesco, respectivamente. Os prêmios foram entregues em São Paulo, na terça-feira, pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Ganho com ações pode dobrar até o fim do ano

A elevação do País à condição de grau de investimento pelas agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Fitch (ler reportagem na página seguinte) tende a dar novo impulso à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A expectativa de analistas é que o carimbo de país seguro para investimento estimule a chegada de dólares de fundos americanos até agora ausentes do mercado de ações. A redução do estresse gerado pelo colapso no mercado de crédito imobiliário americano é outro fator que pode levar o investidor estrangeiro a retomar a compra de ações brasileiras, depois de fortes vendas no começo do ano, comenta Wlademir Bidoy, superintendente-executivo da Bradesco DTVM. Ele diz que o grau de investimento melhorou a percepção do investidor e aguçou a expectativa com a possível decisão da Moodys, outra agência de classificação de risco, de também elevar a nota do Brasil e alimentar novas altas das ações.

A previsão é que o Ibovespa chegue ao fim do ano a um nível entre 80 mil/82 mil pontos, o que acenaria uma alta superior à acumulada nos cinco meses iniciais do ano. Parte do mercado, contudo, aposta em que o índice encoste em 85 mil pontos.

A trajetória da Bolsa até lá estaria longe de ser linear, porém, por causa de algumas incertezas. Uma delas, mais a médio prazo, está associada à alta da inflação, que pode exigir novas elevações da taxa básica de juros, no momento que o grau de investimento possibilitaria que a economia rodasse com juros mais baixos, comenta Santalúcia. Ele não descarta a possibilidade de que o juro básico chegue a um nível em torno de 14% no fim do ano. "O cenário de curto prazo é otimista, mas o médio requer maior atenção não só do Banco Central, mas também do governo na questão fiscal."

Um fator amortecedor dos solavancos provocados pelos grandes investidores está na maior presença de investidores pessoas físicas, que participam com cerca de 28% dos negócios na Bovespa, principalmente por meio dos clubes de investimento, avalia Santalúcia. "Quem aplica bem assessorado e com base em fundamentos pode comprar papéis da Petrobrás e esquecer ‘soluços’ no mercado provocados pelos grandes investidores."

A compra de ações deve fazer parte da política de diversificação da carteira de investimentos para retorno no longo prazo, diz Bidoy, da Bradesco DTVM. Ele sugere que a carteira de ações esteja dividida em papéis de pelo menos quatro setores: petróleo, banco, siderurgia e imobiliário.

O superintendente de análise Carlos Firetti, também da Bradesco DTVM, diz que setores ligados à economia doméstica são atraentes, mas a escolha dos papéis deve ser mais criteriosa. Ele lembra, por exemplo, que há papéis de empresas de setores menos atraentes com bom potencial de valorização diante de boas notícias mais que ações de setores considerados atraentes cujos preços estão em níveis elevados.

Firetti sugere ainda que se reavalie e repense periodicamente os papéis em carteira, mediante uso de ferramentas disponíveis em sites especializados ou consultas a analistas e especialistas do mercado.