quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sobre Telecom

Eu havia sido solicitado para responder um questionário sobre a pauta de uma matéria abordando o confronto das empresas de Telecom. Acabei fazendo de maneira sintetizada mas, pelo visto, o espaço na Revista InvestMais não foi suficiente para compilar todas as contribuições dos que se dispuseram a escrever.

Para que o material não se perca nos arquivos da Editora, vou postar a introdução que antecedeu as respostas ao questionário propriamente dito.

De antemão informo que não sou um especialista do setor, desconhecendo pormenores, mas me prontifico a tentar falar sobre o mercado como usuário do serviço e investidor, através da minha percepção dos fatos, alguns aspectos técnicos e fundamentalistas que envolvem as empresas. Espero que minha contribuição possa servir para agregar valor a matéria que vcs estão elaborando, mas assumo minhas limitações.

Sobre as empresas de telecom, no momento fica dificil fazer uma leitura do mercado desconsiderando as nuances políticas. Antes mesmo de ler o seu questionário, vou tentar expor meus pontos de vista, para não influenciar e direcionar o texto. Depois prometo responder o que ficar faltando às suas perguntas.

Com os esforços desmedidos do governo para permitir a aquisição da BrT pela Oi, criando uma SuperTele com capital nacional, muita coisa está acontecendo nos bastidores das telecomunicações. Não bastassem as negociações entre as empresas privadas para redistribuição do marketshare, ainda assistimos estupefatos o episódio envolvendo as ações da TELEBRÁS que levou diversos pequenos investidores a grandes perdas no mercado acionário ( assunto amplamente comentado nos sites e foruns de mercado).


E como a proposta de pulverização do capital da Telemar foi frustrada com a falta de apoio dos acionistas minoritários em votação na AGE, seus controladores vêm buscando uma solução de mercado, e contam, para isso, com a ajuda do governo, empenhado em preservar uma fatia deste setor altamente estratégico em poder de uma empresa genuinamente brasileira. Para isso seria preciso uma alteração na lei de outorgas, o que não parece ser improvável de acontecer..

Ocorre que com a convergência dos serviços (o famoso triple play: tele fixa, móvel e transmissão de dados) o marketshare ficou cada vez mais disputado por cada região, sendo que SP continua sendo a "menina dos olhos" de todos, pelo seu potencial de gerar receitas e quantidade de clientes corporativos.

E a área pertence à VIVO ( joint venture controlada pela Telefónica e Portugal Telecom) operadora móvel nas bandas A e B. Segundo o site www.teleco.com.br , em Jul/07, a Telefonica ofereceu US$ 4,1 bilhões pela participação da Portugal Telecom na Vivo. A PT recusou a oferta, mas havia rumores de que ela poderia trocar a VIVO por uma participação na Telemar. Com a possibilidade de criação da BrOI(?) isto acabou sendo descartado.

No mesmo ano de 2007 a VIVO adquiriu a Telemig e as frequencias na banda L para a maior parte do Brasil, incluindo o Nordeste. Em abril deste ano, assumiu definitivamente o controle da Telemig Celular para atender o estado de MG, e anunciou que irá realizar em 12/05/2008 um leilão para aquisição de até 1/3 das ações da Telemig Celular e da Telemig Participações. O preço estabelecido é de R$ 654,72 por ação preferencial da Telemig Celular e de R$63,90 por ação preferencial da Telemig Participações. Os preços propostos representam um prêmio aproximado de 25% sobre a média ponderada da cotação das ações preferenciais nos 30 últimos pregões da Bovespa anteriores a 1º de agosto de 2007.

Cogitava-se também a possibilidade de unificar os serviços da VIVO e da TIM (que vinha sofrendo com divergências entre seus sócios e controladores). Não sabemos onde iria terminar, mas se por um lado, uma maior integração pode proporcionar benefícios na qualidade do serviço prestado, por outro, a concentração de poucas empresas atuando em um segmento essencial para a população brasileira pode acabar prejudicando a concorrência entre elas com os custos sendo repassados ao consumidor.

Acredito que a telefonia móvel tende a predominar sobre as habituais estações fixas, devido à grande aceitação pelos usuários, portabilidade e facilidade de aquisição.

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