quarta-feira, 4 de junho de 2008

O petróleo e o "efeito Starbucks"

O crescimento econômico global segue relativamente bem em vista da onda de alta preços do petróleo, mas os riscos ao crescimento estão se intensificando. Os consumidores do mundo desenvolvido se sentem pressionados à medida que os preços da gasolina sobem e estão reduzindo os gastos. Ao mesmo tempo, os presidentes de bancos centrais se preocupam que as crescentes pressões de preços possam criar raízes e cogitam aumentar as taxas de juros, que no fim debilitam o crescimento.

Com certeza, ninguém está falando abertamente de recessão global. Joachim Fels, economista do Morgan Stanley, diz não saber ao certo quanto de risco os altos preços do petróleo criam para o crescimento global já que os importadores simplesmente redistribuem a renda para os exportadores de petróleo.

E se os ricos países ocidentais passam necessidades, eles estão em boa posição para suportar a tormenta. São os países em desenvolvimento mais pobres e dependentes do óleo os mais prejudicados pelo alto custo da gasolina.

"Em muitas economias rurais, há os agricultores que usam seus caminhões para transportar os produtos que cultivam para vender no mercado", disse Lawrence Eagles, diretor da divisão de setor e mercado de petróleo da Agência Internacional de Energia. "Mas se isso não for mais rentável por causa do custo da gasolina, vão simplesmente voltar para a agricultura de subsistência, o que seria uma evolução importante", disse Eagles.

Em economias como as dos Estados Unidos e da Europa ocidental, o resultado tem sido o que os analistas chamam de "efeito Starbucks", no qual os consumidores pressionados pelos custos sempre altos do combustível pedem menos xícaras de cafés que custam US$ 4 e mais aquelas que tem o mesmo sabor e custam US$ 1 ou US$ 2.

A Starbucks, de fato, vê pela primeira vez na sua história menos fregueses neste ano do que no ano anterior, disse o presidente da companhia na semana passada.

Os altos preços do petróleo também repercutem na confiança dos consumidores, que nos EUA está no menor nível dos últimos 28 anos, enquanto que na Alemanha, França e Reino Unido os níveis de sentimento dos consumidores também apresentam problemas.

A desaceleração nos países mais ricos exerce impacto imediato nos países em desenvolvimento quando o comércio global sofre e coloca dezenas de milhares de empregos em risco. A ONU, num relatório lançado em maio, advertiu que "a economia mundial pode praticamente chegar a um impasse" se os esforços dos EUA para reativar sua economia - via taxas de juros ultra baixas e um grande pacote de estímulo - não surtirem efeito. Em meio aos preços elevados de energia, a ONU informou que vê o crescimento econômico mundial caindo "abruptamente para 1,8% este ano, de 3,8% em 2007".

Gazeta Mercantil

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