A elevação do País à condição de grau de investimento pelas agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Fitch (ler reportagem na página seguinte) tende a dar novo impulso à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A expectativa de analistas é que o carimbo de país seguro para investimento estimule a chegada de dólares de fundos americanos até agora ausentes do mercado de ações. A redução do estresse gerado pelo colapso no mercado de crédito imobiliário americano é outro fator que pode levar o investidor estrangeiro a retomar a compra de ações brasileiras, depois de fortes vendas no começo do ano, comenta Wlademir Bidoy, superintendente-executivo da Bradesco DTVM. Ele diz que o grau de investimento melhorou a percepção do investidor e aguçou a expectativa com a possível decisão da Moodys, outra agência de classificação de risco, de também elevar a nota do Brasil e alimentar novas altas das ações.
A previsão é que o Ibovespa chegue ao fim do ano a um nível entre 80 mil/82 mil pontos, o que acenaria uma alta superior à acumulada nos cinco meses iniciais do ano. Parte do mercado, contudo, aposta em que o índice encoste em 85 mil pontos.
A trajetória da Bolsa até lá estaria longe de ser linear, porém, por causa de algumas incertezas. Uma delas, mais a médio prazo, está associada à alta da inflação, que pode exigir novas elevações da taxa básica de juros, no momento que o grau de investimento possibilitaria que a economia rodasse com juros mais baixos, comenta Santalúcia. Ele não descarta a possibilidade de que o juro básico chegue a um nível em torno de 14% no fim do ano. "O cenário de curto prazo é otimista, mas o médio requer maior atenção não só do Banco Central, mas também do governo na questão fiscal."
Um fator amortecedor dos solavancos provocados pelos grandes investidores está na maior presença de investidores pessoas físicas, que participam com cerca de 28% dos negócios na Bovespa, principalmente por meio dos clubes de investimento, avalia Santalúcia. "Quem aplica bem assessorado e com base em fundamentos pode comprar papéis da Petrobrás e esquecer ‘soluços’ no mercado provocados pelos grandes investidores."
A compra de ações deve fazer parte da política de diversificação da carteira de investimentos para retorno no longo prazo, diz Bidoy, da Bradesco DTVM. Ele sugere que a carteira de ações esteja dividida em papéis de pelo menos quatro setores: petróleo, banco, siderurgia e imobiliário.
O superintendente de análise Carlos Firetti, também da Bradesco DTVM, diz que setores ligados à economia doméstica são atraentes, mas a escolha dos papéis deve ser mais criteriosa. Ele lembra, por exemplo, que há papéis de empresas de setores menos atraentes com bom potencial de valorização diante de boas notícias mais que ações de setores considerados atraentes cujos preços estão em níveis elevados.
Firetti sugere ainda que se reavalie e repense periodicamente os papéis em carteira, mediante uso de ferramentas disponíveis em sites especializados ou consultas a analistas e especialistas do mercado.
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