quarta-feira, 11 de junho de 2008

Grau de investimento traz novos fundos ao Brasil

A classificação do Brasil como um país seguro para se investir aumentou o interesse dos fundos de private equity pelo país. Especializados em comprar participações em empresas, os fundos se apressam para aproveitar as oportunidades e já mostram interesse até por cemitérios, investimento comum lá fora. Algumas grandes gestoras já procuram fundos estabelecidos no Brasil e que conhecem bem o mercado local para fazerem investimentos em conjunto. Outras resolveram abrir escritório aqui e começarem do zero as operações.

Luis de Lucio, sócio da empresa americana Alvarez & Marsal, especializada na reestruturação e preparação de companhias para receberem investimentos de um fundo de private equity ou de investidor estratégico, diz que o movimento é intenso. Segundo ele, que mora nos Estados Unidos e passou por São Paulo na semana passada, em alguns setores onde o Brasil tem maior potencial de crescimento, como o de varejo, há muito mais fundos interessados em participar de aquisições do que investidores estratégicos. "Mesmo com custo financeiro elevado, as empresas brasileiras são muito eficientes."

Como a Alvarez prepara empresa para os private equities, tem contato direto com as carteiras. Entre seus clientes estão grandes fundos, como Advent, Darby, Blackstone, Cartesian e Marathon. Segundo ele, os próprios clientes da A&M lá fora já sondam a empresa sobre oportunidades no mercado brasileiro.

Um dos fundos interessados no Brasil é o americano Cerberus Capital, que ficou conhecido por comprar a Chrysler. O fundo, sexto maior dos EUA, também investe na Air Canadá e na GMAC, o braço financeiro da General Motors. O fundo é um dos maiores dos EUA. Outro interessado é o Coller Capital, com US$ 8 bilhões sob gestão.

Além desses, há os que chegaram recentemente ao Brasil, já com a perspectiva de o país ser considerado investimento seguro. Entre eles, estão Carlyle (a maior gestora do mundo), Cartesian, Actis, Permira e Apax.

Com o investment grade, o número de compradores de empresas brasileiras aumentou. Lucio fala que fundos de private equity dedicados a emergentes em geral vão aumentar a fatia reservada para Brasil. Outros fundos, que não estão autorizados a operar em países que não são considerados investimento seguro, também vão passar a olhar o Brasil mais de perto.

Em meio à euforia com o Brasil, até os hedge funds estão participando de compras de empresas. Essas carteiras entram em algumas operações com um empréstimo à empresa. Ou seja, por meio de operações estruturadas viram credores das companhias.

A Alvarez & Marsal chegou ao Brasil em 2005 e tem atualmente 25 executivos. A empresa participa diretamente da gestão das companhias que contratam seus serviços. No Brasil, já trabalhou em um plano de reestruturação da Varig e participou da operação que levou à venda da rede de lojas Leader, no Rio, para a Renner. Também cuidou da Parmalat. Nos Estados Unidos, participou da reestruturação da Levi Straus, que fabrica as calças Levi's.

Como prova da confiança do investidor estrangeiro no Brasil, Lucio fala de uma operação que a A&M fez para a Decta Engenharia, uma empresa imobiliária do Piauí. No auge da crise americana, bem no momento em que o Bear Stearns faliu, eles conseguiram, em 48 horas, a aprovação para fechar um empréstimo no exterior de US$ 30 milhões para a Decta.

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