Os cotistas do FIDC Athos Farma Distribuição Farmacêutica decidiram, em assembleia no último dia 27, liquidar antecipadamente o fundo de recebíveis. A operação teve início em setembro do ano passado com a emissão, no valor de R$ 190 milhões, da primeira série de cotas do tipo sênior com prazo de duração de 48 meses e rating 'brAAAf', pela Standard & Poor's.
O desenquadramento do fundo em relação à obrigatoriedade de manter o mínimo de 50% do patrimônio líquido aplicado em direitos creditórios motivou os cotistas a optarem pela descontinuidade da carteira, conta o analista da S&P, Jean-Pierre Cote Gil. Segundo ele, o fundo vinha girando com menos de 25% do patrimônio em recebíveis por conta da dificuldade do Grupo Athos Farma originar direitos creditórios elegíveis ao fundo.
Em relatório, a S&P destacou que o administrador do fundo, o banco Santander, vinha enfrentando dificuldades operacionais que prejudicaram a pontualidade dos pagamentos de parte dos recebíveis em carteira, relacionadas à baixa dos direitos de crédito cuja cobrança era realizada no Banco do Brasil. O administrador, então, deixou de aceitar recebíveis que passavam pelo BB, diminuindo ainda mais o volume elegível ao fundo. Procurado pelo jornal, o Santander não retornou o pedido de entrevista.
O cenário econômico negativo, acrescenta Cote Gil, também diminuiu o nível de atividade da distribuidora, dificultando a originação de recebíveis. "Com o desenquadramento, os investidores avaliaram que a rentabilidade da carteira poderia ser prejudicada". Isso porque a meta de retorno do fundo, de CDI mais 1,75%, só pode ser alcançada com o ativo de crédito em carteira.
A expectativa é de que os cotistas, que vinham recebendo juros mensais desde a emissão, recebam o principal investido mais o retorno esperado, segundo o analista da S&P. Até por isso, o rating da operação foi mantido. No dia 6, os cotistas tinham a receber R$ 181,9 milhões que o fundo tinha em caixa no dia 31 de março, mais o pagamento eventual de recebíveis a vencer até aquela segunda-feira. No fim de março, os direitos creditórios a vencer nos próximos 30 dias somavam R$ 8,83 milhões e, com vencimento em 60 dias, eram de R$ 11,26 milhões.
A S&P espera que o resgate total das cotas sêniores ocorra até o fim de maio próximo. Cada cotista sênior deve receber ainda um valor adicional de R$ 8,63792 por cota como uma espécie de multa pela liquidação antecipada do fundo. Essa não é a primeira vez que um fundo é liquidado antes do prazo. O caso clássico foi o da Parmalat, mas por conta da quebra da empresa. Outro exemplo é o da Zoomp, que não conseguia originar recebíveis suficientes.
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