quinta-feira, 16 de abril de 2009

Petrobras

Descoberta de jazida de petróleo, a exclusão da Petrobras dos cálculos fiscais da União e a possibilidade de redução dos preços do diesel. Não foram poucas as notícias que mexeram com a principal "blue chip" da bolsa brasileira ontem e a menos de uma semana do exercício de opções. Em meio ao caldeirão, as preferenciais (PN, sem direito a voto) caíram 1,70%, cotadas a R$ 29,98, enquanto as ordinárias (ON, com voto), mais foco dos estrangeiros, perderam 2,54%, para R$ 37,60. Juntas, as ações movimentaram R$ 1,07 bilhão, ou 18% do mercado à vista. Dados de estoques de petróleo nos Estados Unidos, mais elevados do que os analistas previam, completaram o conjunto ponderado pelos investidores. O fato é que, depois de os papéis já terem acumulado valorizações de 35% na PN e de 42% na ON só neste ano até terça-feira, embolsar lucros tornou-se irresistível até para quem pegou metade desse movimento - vale lembrar que na renda fixa, o retorno atual é de 11,25% ao ano.

Tanto a descoberta de acumulação de óleo quanto a liberação de recursos fiscais foram considerados, em certa medida, positivos, enquanto no outro lado da balança pesou a expectativa de redução dos preços do diesel e, quiçá, da gasolina. Embora a iniciativa seja mesmo esperada, dada a defasagem com os preços de referência internacionais, a avaliação dos analistas é de que há sempre o mal-estar de que a Petrobras possa a ser usada como arma política, servindo aos projetos de expansão da atividade econômica num ano pré-eleitoral. "Depois da mudança de comando no Banco do Brasil, a percepção é de que o risco de ingerência na estatal também ficou maior, de que as decisões sairão do nível técnico para o político", diz o economista da Souza Barros, Clodoir Vieira.

A nova descoberta da Petrobras contempla óleo leve na camada pré-sal no bloco BM-S-9, da bacia de Santos. O poço, denominado Iguaçu, soma-se a outros dois já anunciados, mas não dimensionados, o de Carioca e o de Guará. Está localizado num dos campos com maior potencial de extração, aquele que engloba a área chamada de Pão de Açúcar e onde se concentra a maior parte das reservas da região, explica o analista do Banco Geração Futuro Lucas Mattioni Brendler. "O óleo leve tem mais qualidade, boa precificação internacional e envolve menos custos de processamento do que o petróleo mais pesado."

Na outra ponta, a redução dos preços dos combustíveis é algo que pode mesmo ganhar consistência, dado que a gasolina e o diesel vêm sendo negociados no mercado local com um prêmio de 40% e 60%, respectivamente, em comparação aos valores do Golfo do México - usados como referência para o Brasil. A isso soma-se a expectativa de que a média do barril de petróleo cotado internacionalmente encerre o ano na casa dos US$ 50,00, afirma Brendler. "Para a gasolina já há uma percepção de que o consumidor consegue fazer substituição com os motores Flex ou com o gás natural, enquanto o diesel tem o efeito de reduzir a cadeia de custos de toda a economia." Já a possibilidade de a Petrobras ser dispensada de contribuir com a conta de superávit primário terá o mérito de liberar capital num momento em que ficou mais difícil recorrer a recursos de terceiros, completa.

Valor Econômico

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