Tanto a descoberta de acumulação de óleo quanto a liberação de recursos fiscais foram considerados, em certa medida, positivos, enquanto no outro lado da balança pesou a expectativa de redução dos preços do diesel e, quiçá, da gasolina. Embora a iniciativa seja mesmo esperada, dada a defasagem com os preços de referência internacionais, a avaliação dos analistas é de que há sempre o mal-estar de que a Petrobras possa a ser usada como arma política, servindo aos projetos de expansão da atividade econômica num ano pré-eleitoral. "Depois da mudança de comando no Banco do Brasil, a percepção é de que o risco de ingerência na estatal também ficou maior, de que as decisões sairão do nível técnico para o político", diz o economista da Souza Barros, Clodoir Vieira.
A nova descoberta da Petrobras contempla óleo leve na camada pré-sal no bloco BM-S-9, da bacia de Santos. O poço, denominado Iguaçu, soma-se a outros dois já anunciados, mas não dimensionados, o de Carioca e o de Guará. Está localizado num dos campos com maior potencial de extração, aquele que engloba a área chamada de Pão de Açúcar e onde se concentra a maior parte das reservas da região, explica o analista do Banco Geração Futuro Lucas Mattioni Brendler. "O óleo leve tem mais qualidade, boa precificação internacional e envolve menos custos de processamento do que o petróleo mais pesado."
Na outra ponta, a redução dos preços dos combustíveis é algo que pode mesmo ganhar consistência, dado que a gasolina e o diesel vêm sendo negociados no mercado local com um prêmio de 40% e 60%, respectivamente, em comparação aos valores do Golfo do México - usados como referência para o Brasil. A isso soma-se a expectativa de que a média do barril de petróleo cotado internacionalmente encerre o ano na casa dos US$ 50,00, afirma Brendler. "Para a gasolina já há uma percepção de que o consumidor consegue fazer substituição com os motores Flex ou com o gás natural, enquanto o diesel tem o efeito de reduzir a cadeia de custos de toda a economia." Já a possibilidade de a Petrobras ser dispensada de contribuir com a conta de superávit primário terá o mérito de liberar capital num momento em que ficou mais difícil recorrer a recursos de terceiros, completa.
Valor Econômico
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