quinta-feira, 30 de abril de 2009

Crise põe em xeque modelo de gestão de fortunas

A era da riqueza farta e do crescimento elevado na área de gestão de fortunas ficou para trás. As famílias donas de grandes empresas, que antes podiam se concentrar no aumento do patrimônio, agora precisarão se preocupar com a gestão da companhia da qual são controladoras. Isso significa que a riqueza, que antes tinha liquidez, terá de voltar a ser usada para manter o negócio familiar, ser imobilizada novamente, o que tratá fortes impactos para as áreas de "wealth management" e "family offices", especializadas nesse público. A opinião é de René Werner, um dos maiores especialista em governança familiar e corporativa.

Esse cenário traz algumas consequências importantes. Se antes as empresas familiares buscavam uma gestão corporativa mais independente, com conselheiros externos, agora o movimento deve ser inverso. "Acabou a era de M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês) e não haverá mercado para isso para os próximos dois anos", diz Werner. Isso significa que as famílias terão de voltar a se preocupar com a gestão da empresa. Os recentes acontecimentos, como as perdas com derivativos tóxicos, por exemplo, revelaram que ter conselho independente não é suficiente, afirma o executivo.

Segundo Werner, a crise deixou claro que muitos conselheiros independentes não se mostram responsáveis e comprometidos com os negócios do qual fazem parte. "Não há conselheiros independentes ou externos sérios, pois eles não estão comprometidos com o negócio, não têm qualquer risco, a não ser sua reputação", diz ele. "Mas mesmo problemas de reputação são logo esquecidos no Brasil", admite ele, que está deixando o conselho de três empresas, embora não conte quais. Na visão de Werner, o conselheiro deveria ter pelo menos 5% das ações ou um valor relevante a ponto de mostrar comprometido com a empresa. "Essa história de que os conselheiros não sabiam das operações (com derivativos tóxicos) não existe, por isso, sou a favor que de a família reassuma os conselhos."

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Muito certo. A gestão familiar tem um grande diferencial em relação a gestão profissional. O real dono do empreendimento não precisa trabalhar somente para a gestão do lucro do curto prazo.

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