Agora eu nunca vou poder ser um investidor fundamentalista em ações do setor bancário. Acho complicadíssimo entender o que está nos balanços dos bancos. Marcação a mercado, provisão para perdas com devedores, rating do banco, tudo bastante complicado para entender e conhecer.
E ainda fico com a impressão de que o banco dar lucro não significa nada. Uma corrida dos clientes na boca do caixa pode derrubar qualquer banco.
Credit lucra US$ 1,7 bilhão no trimestre
O Credit Suisse relatou ontem lucro acima das previsões no primeiro trimestre, no momento em que sua atividade de banco de investimento mostra recuperação. O segundo maior banco suíço, atrás apenas do UBS, voltou à rentabilidade com lucro líquido de 2 bilhões de francos suíços, o equivalente a US$ 1,7 bilhão, ante perda de 2,1 bilhões de francos há um ano. Os analistas consultados pela Reuters estimavam lucro líquido de perto de 948 milhões de francos para a instituição.
"Nossa abordagem prudente no novo ambiente de mercado foi útil no primeiro trimestre e continuaremos conduzindo nossos negócios dessa forma", disse o presidente Brady W. Dougan, em nota. "Enquanto ainda podemos ser afetados pela volatilidade sucessiva e pelos transtornos no mercado se persistirem as condições difíceis, acreditamos que estamos em posição para resistir às tempestades e ter bom desempenho quando surgirem as oportunidades de mercado."
O banco britânico Barclays também tranquilizou os investidores ontem sobre seus negócios no primeiro trimestre. A instituição informou que "seu resultado financeiro está bem à frente do desempenho do ano anterior" e reiterou seus planos de retomar o pagamento de dividendos aos acionistas no segundo semestre deste ano. As ações do Barclays registraram alta de 2,3% ontem em Londres. O Goldman Sachs, o JPMorgan Chase e o Bank of America surpreenderam antes alguns investidores com resultados positivos no primeiro trimestre.
O Credit Suisse, sediado em Zurique, informou ter registrado retorno sobre o patrimônio de 22,6%, e que elevou sua relação de capital tier 1 para 14,1% no final do trimestre, alta de 0,8 ponto percentual em relação ao final de 2008. Também informou que a atividade em abril seguia na mesma tendência do primeiro trimestre.
Diferentemente do UBS, que recebeu perto de US$ 5 bilhões em ajuda direta do governo suíço em troca de 9% das ações sem direito a voto e transferiu US$ 60 bilhões em ativos degradados para o banco central suíço, o Credit Suisse conseguiu superar os obstáculos da crise levantando caixa com a ajuda de investidores privados.
"Restam muitos problemas no setor financeiro", disse Peter Thorne, analista da Helvea baseado em Londres. "Mas o Credit Suisse tem mostrado o que podemos fazer quando voltamos para a atividade essencial e tradicional de banco de investimento." O especialista disse que era possível contestar o lucro divulgado, em termos da contribuição de lucros não operacionais para o lucro líquido, mas diz que o resultado "no plano geral não é muito ruim". "Muitos bancos gostariam de ter esses números", ele acrescentou.
As ações do Credit Suisse registraram alta de 7,7% na negociação vespertina da Bolsa de Zurique. Os papéis acumulam alta de 49% este ano.
Gazeta Mercantil
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