O primeiro caso é o da Thylon Consultoria Financeira, com sede em São Paulo, que oferecia quatro fundos de investimento, um deles com aplicação no exterior. A empresa e seus sócios, Cristian Carvalho Silva e Julio Reginato, foram procurados pelo Valor, mas não foram localizados. Em seu site, www.thyfundos.com.br, que ontem à tarde já estava fora do ar, a Thylon oferecia uma família de fundos. Havia um fundo de ações (Thy Profac), um de commodities (Thy Profcomm), um multimercado (Thy Profmult) e um que se propunha a investir no exterior (Thy Profglobafunds). Nem a gestora nem os fundos tinham registro na CVM, o que é exigido por lei.
Outro caso é do Clube Axt, um site que oferecia dois clubes de investimento sem registro em corretora e nem na Bovespa. Os responsáveis pelos clubes - Wagner de Aguiar Moraes, Alexandre de Aguiar Moraes, Marcelo Costa Rocha e Wanderley Dias Bertolucci - não tinham autorização da CVM para fazer a gestão das carteiras. No site, o Clube Axt se definia como uma associação de amigos "com o objetivo de investir no mercado financeiro".
O Clube Axt BV se destinava a aplicar em ações e o Axt MF na Bolsa de Mercadorias & Futuros. No total, as aplicações chegavam a R$ 6 milhões, sendo R$ 4,4 milhões no Axt BV e R$ 1,6 milhão no Axt MF. "Deve ter ocorrido algum engano", afirmou ao Valor, por telefone, Wagner de Aguiar Moraes. "Nós não oferecemos cotas ao mercado, apenas aos amigos", disse ele. "O problema é que o site estava sem senha, estava aberto, e alguém achou que qualquer um poderia investir". Segundo ele, a aplicação, que de acordo com o site teria sido criada em 2007, também "não era um clube, tinha o nome de clube, mas não estava ainda constituído, era apenas um grupo de amigos que se reunia para aplicar."
No site, porém, a informação é que o Clube Axt foi criado "em benefício de nossos amigos mais próximos", mas "como deu muito certo, os integrantes foram indicando outros investidores". "Assim, o clube está aberto para pessoas indicadas por investidores que já fazem parte do clube". E completa: "não há restrição de quantidade de indicações, isso é apenas para facilitar o controle e garantir uma segurança para todos".
Confrontado com essas informações, Moraes disse que a aplicação "era apenas para uns 20 amigos", de São Paulo e do Rio. "Alguém trazia a mãe ou um amigo para investir, mas era coisa restrita", disse. O clube teria sido criado por ele e um grupo de amigos, que gostavam do mercado financeiro. "No início, pensamos em criar um clube de investimento, mas como não tínhamos orientação, fomos aplicando, a carteira foi crescendo, um indicando outro e deixamos de registrar o clube." Agora, Moraes diz que vai fechar as carteiras. "Já tirei o site do ar e vamos encerrá-las, como a CVM mandou."
Os sites irregulares foram identificados dentro do trabalho de acompanhamento do mercado, que inclui denúncias e parcerias com outras instituições, disse Roberto Mendonça, gerente de irregularidades da Superintendência de Relações com Investidores Institucionais da CVM. Segundo ele, a ordem de suspender os clubes e fundos é preventiva. "Ainda vamos fazer uma investigação para ver se é o caso de abrir um processo administrativo contra as empresas e seus sócios". Mas, mesmo assim, o investidor já é alertado, para não aplicar. Neste ano, até março, já foram feitas 3 reclamações contra clubes na CVM, para 13 em todo o ano de 2008 e 8 em 2007.
Se não tirarem os sites do ar, os responsáveis serão multados, em até R$ 5 mil por dia. "E veja que não é só a oferta irregular, nenhum deles tinha autorização para fazer gestão, o que justifica o encerramento das carteiras". O investidor que quiser fazer denúncias ou consultas sobre fundos ou clubes pode acessar o site www.cvm.gov.br ou entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Investidor (SAI) no telefone 0800-7225354.
Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário