Por Justin Baer, do Financial Times, de Nova York
Investidores e fundos de investimento nos EUA que contam com dividendos veem este início de 2009 como uma brutal desaceleração. Um recorde de 367 entre as 7 mil companhias abertas que informam suas políticas de dividendos para a Standard & Poor´s (S&P) reduziram seus pagamentos no primeiro trimestre, quatro vezes mais que no mesmo período de 2008. Outras 283 empresas aumentaram seus dividendos no mesmo intervalo, uma baixa recorde também.
"A monstruosa redução de US$ 77 bilhões nos dividendos no primeiro trimestre é de saltar aos olhos", comentou Howard Silverblatt, analista sênior de índices da S&P. "O impacto total desses cortes será sentido neste trimestre, quando os cheques dos dividendos enviados pelo correio chegarem."
Os detentores de algumas das ações mais disputadas vão receber pagamentos bem menores que os de um ano atrás. Na Dow Chemical, uma sequência de 389 trimestres sem nenhum corte nos dividendos terminou abruptamente em fevereiro, quando a companhia reduziu a distribuição em 64%. A General Electric (GE), que vinha evitando cortar dividendos desde 1938, reduziu o pagamento em 68%. A onda de cortes pelas maiores instituições financeiras do mundo, que até recentemente alardeavam os dividendos mais generosos do mercado, vem contribuindo para o clima sombrio.
Wells Fargo, Citigroup, JP Morgan Chase e Bank of America estão entre os bancos que reduziram ou suspenderam suas distribuições desde o ano passado.
A atual crise financeira e a recessão econômica mundial vêm afetando os lucros das empresas e, ao mesmo tempo, limitando o acesso aos mercados de dívida. Mesmo com o agravamento da recessão no fim do ano passado, muitos presidentes-executivos mantiveram os dividendos, avaliando que um corte afugentaria os investidores de varejo e despertaria mais dúvidas sobre o futuro das companhias.
Neste ano, com as perspectivas continuando a se deteriorar, a maioria dos presidentes-executivos cedeu, uma vez que um corte nos dividendos oferecia a possibilidade de retenção de bilhões de dólares em caixa para pagar dívidas ou financiar operações.
O número de cortes pode ter atingido um pico, mas Silverblatt observa que as empresas deverão rever suas políticas de distribuição ainda este ano, quando começarem a olhar para 2010. "O verdadeiro teste ocorrerá em agosto e setembro, quando as companhias começam a fazer o orçamento para 2010", afirma ele. "Se não se sentirem confiantes em um ano melhor, poderemos ver mais cortes."
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