segunda-feira, 20 de abril de 2009

Para Stiglitz, programa de Obama para salvar bancos irá fracassar

Os esforços do governo Obama de salvar os bancos norte-americanos provavelmente vão fracassar porque os programas foram concebidos para ajudar Wall Street, e não para criar um sistema financeiro viável, disse o economista Joseph Stiglitz, laureado com o Prêmio Nobel em 2001. "Todos os ingredientes usados até agora são fracos, e faltam muitos ingredientes", disse Stiglitz. As pessoas que formularam os planos ou são "totalmente dominadas pelos bancos ou são incompetentes".

O Programa de Ajuda a Ativos Problemáticos (Tarp, pelas iniciais em inglês) não tem amplitude suficiente para recapitalizar o sistema bancário, e o governo não foi direto no enfrentamento dessa deficiência, disse ele. Stiglitz afirmou haver conflitos de interesse na Casa Branca porque alguns dos assessores de Obama têm laços estreitos com Wall Street.

"Não temos dinheiro suficiente. Eles não querem voltar ao Congresso e eles não querem fazer isso de forma aberta, além de não quererem obter controle" dos bancos. Esse conjunto de limitações vai levar ao fracasso, disse Stiglitz.

O retorno proporcionado pelo Tarp aos contribuintes norte- americanos não supera US$ 0,25 por dólar, disse ele. "A reestruturação dos bancos é um caos absoluto."

Em vez de comprar continuamente pequenas participações nos bancos, as instituições financeiras mais fracas deveriam ser submetidas a um regime de curadoria, em que os acionistas dos bancos são alijados e os portadores de bônus se tornam os acionistas, empregando dinheiro dos contribuintes para manter os bancos em operação, disse ele.

O Programa de Investimento Público-Privado (PPIP, pelas iniciais em inglês), criado para comprar ativos não quitados dos bancos, "é um programa muito ruim", disse Stiglitz. Ele não alcançará o objetivo do governo de fixar um preço para os ativos sem liquidez que atulham os resultados patrimoniais dos bancos. Em vez disso, vai enriquecer os investidores e gerar enormes prejuízos para os contribuintes.

Segundo ele, os prejuízos do contribuinte deverão ser muito maiores que os lucros dos bancos com o programa PPIP, embora Sheila Bair, a presidente do conselho de administração do Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC), órgão garantidor dos depósitos bancários nos EUA, tenha dito que o órgão não prevê registrar prejuízos. "A afirmação de Sheila Bair de que não há risco é absurda", disse ele, porque os prejuízos do PPIP serão cobertos pelo FDIC, que é financiado pelos bancos que o compõem. "O que vamos fazer é pedir que todos os bancos, inclusive alguns bancos presumivelmente saudáveis, cubram os prejuízos dos bancos problemáticos", disse Stiglitz. "Trata-se de uma verdadeira redistribuição e um ônus sobre todos os poupadores norte- americanos."

Gazeta Mercantil

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