sexta-feira, 27 de março de 2009

Sadia e Aracruz

Os investidores conhecerão hoje dois dos balanços mais aguardados da atual safra de resultados. Aracruz e Sadia divulgarão seus números para o mercado, antes e depois do fechamento do pregão da bolsa paulista, respectivamente. Trata-se das duas companhias de capital aberto que sofreram as maiores perdas com derivativos cambiais alavancados. A expectativa é de que as duas anunciem os maiores prejuízos de sua história.

A intensidade das perdas foi tão grande que ambas as empresas tiveram de buscar alternativas fora de casa para a sobrevivência dos negócios.

A Aracruz já selou seu futuro com a aquisição pela Votorantim Celulose e Papel (VCP), além de ter transformado o problema dos derivativos numa dívida de longo prazo, para ser honrada em nove anos, após uma longa negociação com os bancos. Já a Sadia ainda vive o nervosismo de buscar uma saída para o aperto das finanças.

No caso da Aracruz, antes mesmo de as perdas serem conhecidas, já havia uma negociação pública para união com a VCP. A expectativa é de que a junção das companhias, com a incorporação da Aracruz pela VCP, esteja completa até meados do ano.

A Sadia, por sua vez, ainda está em busca de concretizar as medidas que podem aliviar a pressão dos vencimentos dos contratos, que possuem acertos mensais até setembro deste ano. A companhia tenta levantar recursos com a venda de ativos não operacionais, o que inclui o banco e a corretora Concórdia, e até mesmo de unidades menos rentáveis, como seria o caso da operação na Rússia. O entendimento é de que a companhia necessite de R$ 3,5 bilhões até setembro. Somente neste ano a administração vem tentando travar a perda e alongar os prazo de pagamento.

Além disso, procura uma capitalização por um novo sócio ou a união com a Perdigão. Esse capítulo ainda está em aberto e as companhias têm discursos opostos. Enquanto a Sadia afirma que as conversas com a concorrente ainda estão ocorrendo, a Perdigão diz que houve conversas, mas a ausência de um consenso sobre as condições interrompeu as negociações. As famílias controladoras da Sadia queriam ter uma fatia de 10% da empresa resultante, o que foi considerado excessivo pelo grupo que administra a Perdigão - seis fundos de pensão com cerca de 36% do capital da empresa.

Posições divergentes sobre o assunto foram oficialmente divulgadas pelas empresas na segunda-feira, dia 17. A Sadia, aflita por uma solução, dava a entender a existência de conversas com a concorrente. Já a Perdigão, que acredita que o tempo esteja ao seu favor, informou que houve contato, mas o processo foi interrompido pela falta de acordo.

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