sexta-feira, 13 de março de 2009

Com quantas calculadoras se soma US$ 1 trilhão

Dizem que o mundo perdeu US$ 50 trilhões nesta recessão. Este número, claro, é uma abstração. Não existem 50 trilhões de cédulas da moeda americana. Pode juntar tudo o que está nos bancos, debaixo de colchões, cuecas de políticos brasileiros, em contas fantasmas em paraísos fiscais, até a notinha dobrada como talismã em carteiras de brasileiros. Não dá para amealhar esta bufunfa. E está cada vez mais difícil se ter uma idéia do que significam as quantias de que falam jornais e economistas. Afinal, quem já viu, ao vivo, uma pacoteira com, digamos, US$ 1 bilhão?

Para juntar essa grana, um sujeito teria de receber US$ 1.000 todos os dias, de todas as semanas, desde o dia 1 de janeiro do ano 1 do calendário Gregoriano. Só alcançaria a soma em 13 de setembro do ano 2.737. Isso, claro, se as verdinhas - que na verdade são cinzinhas na frente - tivessem sido inventadas antes de Cristo. Pode fazer o cálculo: não é chute.

Um mísero milhão de dólares soma 10 mil notas de US$ 100 (cada nota tem 0,69 polegadas cúbicas). Pacoteira que pesa quase 10 quilos (9,9790). Para guardar essa mixaria é preciso uma cueca com 17m53cm cúbicos. No cálculo de pesos e medidas de um trilhão da moeda americana, basta multiplicar isso tudo por um bilhão. É coisa para física cósmica.

O último pacote de incentivo econômico aprovado pelo Congresso americano foi de US$ 870.000.000.000. Se for agrupado em notas de US$ 100, dá um prédio com 33,33 metros de altura, 83,33 de comprimento e 41,66 de largura. A maioria da humanidade não vive em residências com essa área.

Enquanto escrevo estas curiosidades de almanaque, o Rei da Pirâmide - Faraó Bernie Madoff está sendo transferido de sua Penthouse (valor de US$ 6,7 milhões) no Upper East Side, de Manhattan, para uma prisão federal. O xilindró é menor do que seu guarda-roupas (o tamanho da cela é: 1m98 de largura, 2m98 de comprimento por 2m98 de altura). Não dá nem para ele guardar 1 milhão de dólares neste espaço. E olha que dizem que o homem gatunou US$ 50 bi.

Vai aí outro exemplo de matemática do absurdo. "Tio Bernie" - como ele era chamado - não amealhou os US$ 50 bi. Esta quantia é baseada num cálculo que leva em consideração juros de 12% anuais sobre o principal (o que era considerado um milagre. E, se a esmola é grande, o santo deve sempre desconfiar). Mas como o titio não aplicava em nada, os dividendos nunca foram concretos. Mesmo assim, o tutu que o homem fez evaporar é coisa de tesouro de imperador egípcio.

Um dos fundos que mais perdeu dinheiro na pirâmide foi o Fairfield Greenwich Group, que controlava algo como US$ 14,1 bilhões. Um dos donos do FGG é Walter Noel, cuja esposa, Monica, é brasileira (de ascendência suíça). Foi esta patrícia que deu o nome de Yemanjá, para a mansão que eles têm na ilha Mustique, no Caribe. Ela é da família Haegler, prima de Jorge Paulo Lemann, sócio da InBev. Este e mais de uma centena de brasucas (20 confirmados por apenas um advogado da Flórida), jogaram fortunas na fogueira de Madoff, via FGG e dos contatos do genro dos Noel, Philip Toeb, casado com Alix. Toeb comandava operações no Brasil, mas não está sendo acusado de nada (oficialmente).

Quanto dinheiro brasileiro sumiu nesta brincadeira? Diz uma fonte da promotoria distrital de Nova York que o total verde-amarelo daria para encher um apartamento de 2 mil metros quadrados. Ou seja: mais de US$ 1 bilhão. Sacou?


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