É exatamente assim que me sinto, oprimido pelo consumo do lazer.
Daí que não só lazer, diversão e arte passaram a ser bens e serviços de uso não restritos às elites, como passou a ser de bom tom consumi-los. Primeiro, por ser merecido; depois, por ser necessário; em seguida, por ser, no giro histórico e ideológico, traço distintivo, que dá selo àqueles que os consomem, que petiscam - e são vistos com o tira-gosto em punho (de renda) - porções de imemorial nobreza, atávica oligarquia, tendo a sonoplastia dos artistas no lugar de seus ancestrais filósofos. E passou a haver um contingente enorme de consumidores, com parte do tempo livre para fazê-lo e caraminguás suados queimando na mão. E logo a oferta adquiriu tecnologia e escala. Pronto, eis o mercado de que falei lá no início.
O passo recente é o da tirania do lazer, da diversão e da cultura. Shoppings, hotéis-fazenda, teatros, mostras de cinema, bufês infantis, parques, festivais, CDs, DVDs, IPODs, música ambiente, livros, revistas, sites, exposições, desfiles, TV fechada, turismo, shows, resorts, espaços alternativos, balonismo, aventuras radicais - enfim, tente ficar de fora e verá que não é possível. É um mercado muito grande, muito rico. Há muitos artistas, investidores e ofertantes. Não dá para subutilizar fatores. E nós, com a canga moderna do lazer, da diversão e da cultura, percorremos em manada o roteiro.
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