terça-feira, 18 de novembro de 2008

Demissões

Olha aí, lay-off...

O impacto da crise econômica no emprego foi mais rápido do que o que a maioria dos analistas esperava. Segundo dados de sindicatos e empresas, a crise foi responsável por pelo menos 6,5 mil demissões nos últimos 45 dias - o número, no entanto, pode ser muito maior, pois as homologações em sindicatos contabilizam apenas as demissões de funcionários com mais de um ano de casa.

"Chegamos a fazer mais de 100 homologações por dia nas duas últimas semanas de outubro", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, Antônio de Souza Ramalho. "Porém, todos diziam que os cortes haviam sido mais fortes entre os funcionários com menos de um ano de trabalho. E esses não temos como medir."

A construção civil foi um dos setores que mais demitiram por causa da crise, assim como a metalurgia (que inclui a cadeia automotiva) e os eletroeletrônicos. Até agora foram 2,3 mil, 2,7 mil e 900 demissões confirmadas, respectivamente. "Existe uma ordem", diz o presidente do instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann. "Os setores afetados foram aqueles que demandam que seus consumidores usem mais crédito. Dificilmente uma casa, um carro ou um eletrônico novo cabem com folga no orçamento de uma família."

A Syntax, empresa montadora de PCs e notebooks, por exemplo, demitiu 100 funcionários em outubro. Na fábrica da Bahia, ficaram apenas 25 empregados de um total de 100. O corte no escritório administrativo da companhia, em São Paulo, foi de 30 pessoas - alguns departamentos, como o de pesquisa e desenvolvimento e marketing, foram extintos.

Um dos funcionários demitidos conta que os diretores da companhia atribuíram à crise a redução de pessoal. "Disseram que era hora de enxugar custos, para a empresa se manter." Duas levas de demissões foram feitas entre setembro e outubro, com menos de um mês de intervalo entre elas.

Um funcionário que permanece na empresa confirmou os cortes. Segundo eles, a medida ocorreu por dois motivos. O primeiro foi a retração nas vendas, que começou em agosto. Depois, em outubro, a disparada do dólar fez a situação na companhia piorar. Como ela apenas monta os computadores no País, todos os insumos utilizados na produção são importados. "A alta da moeda americana praticamente travou a produção e as demissões foram uma questão de sobrevivência" para a empresa.

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