quarta-feira, 5 de novembro de 2008

É prudente trocar o piloto na hora da turbulência?

Tem razão de ser o comentário. Você vai no banco, contrata um fundo de investimento qualquer para que um especialista administre seu dinheiro. Claro que você pesquisou, leu o prospecto, falou com seu gerente do banco (talvez até tenha lido o regulamento do fundo, aquele contratinho cheio de letrinhas miúdas). Aí, de repente, chega o extrato na sua casa com rendimento negativo...

Pior ainda: o banco recebe a taxa de administração, independente da rentabilidade da cota.

Sempre evitei fundos de bancos. Porque não dá para saber que tipos de papéis compõe a carteira. E se for para ter somente títulos federais, é melhor ir direto para o Tesouro Direto.

Recentemente, estive em uma reunião em que o tema reinante era a crise econômica. Estavam presentes pessoas bem informadas e com recursos aplicados em fundos de investimentos de todas as classes (ações, multimercado, long short etc). Ao longo da conversa, observei que se iniciou uma corrente de repulsa aos serviços prestados pela indústria de gestão de recursos. Sem qualquer segregação ou juízo de valor, a atitude comum era de que os gestores eram incapazes de oferecer serviços de qualidade em situações de crise. "Para perder dinheiro, eu perco sozinho!" era a frase recorrente.

Ocorreu-me, então, uma imagem: um vôo internacional com os passageiros desfrutando da champanha primeira classe. Todos confiam no piloto. Sequer imaginam se foi colocado combustível suficiente ou se foram tomadas medidas de segurança. Não sabem, ao certo, que riscos corriam e desfrutam dos prazeres da viagem. Enquanto tudo ia bem, o piloto é congratulado. Diante de uma grande turbulência, o avião treme e começa a descer. Alguém a bordo recomendaria trocar o piloto por um dos passageiros?

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