quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O que deu errado

O que deu errado? A resposta curta: Minsky(*) estava certo. Um período prolongado de crescimento acelerado, inflação baixa, taxas de juros reduzidas e estabilidade macroeconômica geraram complacência e maior disposição para assumir risco. A estabilidade levou à instabilidade. Inovação, securitização, financiamentos fora dos balanços patrimoniais e outros mostraram-se, de novo, como a grande parte da história. Como alertou Minsky, a fé exagerada nos mercados não-regulados comprovou ser uma cilada.

É a ascensão do libertino, desfrutada pelos EUA ao longo da década passada. Mas o país não esteve só. As bolhas das ações e dos preços das residências também afetaram parte da Europa. Mas foram importantes em especial para o Reino Unido.

O pior já passou? Com certeza, não. O desenrolar de excessos nessa magnitude envolve quatro processos gigantescos: a queda dos preços dos ativos inflados a um nível sustentável; desalavancagem do setor privado; reconhecimento das perdas resultantes do setor financeiro; e a recapitalização do sistema financeiro. Agravando tudo isso estará o colapso na deStabilizing an Unstable Economymanda do setor privado, num momento em que o crédito se retrai e a riqueza retrocede.

Nenhum destes processos está sequer próximo de terminar. Alguns mal começaram. Em particular, os preços dos imóveis continuam caindo, mesmo nos EUA. Também o ajuste na economia real, especialmente aumentos inevitáveis nas taxas de poupança das famílias nos EUA e no Reino Unido, estão num estágio inicial. Considerando que até pessoas desinformadas entendem como são incertas as conseqüências, o temor é generalizado. Isso é demonstrado, entre outras coisas, pelos spreads elevados em empréstimos interbancários ante as taxas oficiais esperadas.

(*) Hyman Minsky, Stabilizing an Unstable Economy

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