quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Keynes, ainda a velha solução

Sir John Maynard Keynes, se vivo, estaria dando gargalhadas. Afinal, anos seguidos de primazia absoluta da doutrina do liberalismo econômico conseguiram apenas provar que o mercado, completamente livre das amarras da intervenção do Estado, não é capaz de se auto-regular e muito menos de impor limites à sua atuação.

O presidente da SEC (o órgão regulador americano do mercado de títulos), Christopher Cox, reconheceu muito tardiamente, na terça-feira, ao falar ao lado do secretário do Tesouro, Henry Paulson, e do presidente do Fed (o BC dos EUA), Ben Bernanke, no Capitólio, de que deu em nada a iniciativa de regulação voluntária colocada à disposição dos bancos de investimento pelas autoridades.

O republicano Cox, alvo de severas críticas até mesmo por gente do seu partido (McCain encabeça a lista), admitiu que o mercado de subprime (financiamentos imobiliários de segunda linha) foi altamente manipulado, a tal ponto que mais de 50 investigações de atividades ilegais envolvendo operações com papéis do subprime estão em curso na SEC.

E, mais, Cox chamou atenção para as conseqüências no sistema financeiro de um outro "buraco" completamente desregulado, relacionado às operações envolvendo títulos de créditos em default ("credit default swaps" ou CDS), cujas posições dobraram de valor nos últimos dois anos. Chegam hoje a cerca de US$ 58 trilhões em termos "nocionais", considerando a dupla contagem das posições de compra e de venda nos mercados, lastreadas em um mesmo ativo financeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário