sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Moody’s lista as empresas brasileiras mais sensíveis à crise dos EUA

Embraer, Gerdau, Braskem, Cosan, JBS-Friboi, Cesp e Independência Alimentos podem ser bastante afetadas pelo mau momento da economia americana

A desaceleração dos Estados Unidos não deixará ilesas as empresas brasileiras que dependem, direta ou indiretamente, do nível de atividade da maior economia do planeta. Um relatório da agência de classificação de risco Moody’s, divulgado nesta quinta-feira (20/12), mostra quais são as companhias brasileiras que podem sofrer mais com a crise americana.

Segundo a Moody’s, sete brasileiras apresentam maior grau de exposição às turbulências americanas: a fabricante de aviões Embraer; a siderúrgica Gerdau; a petroquímica Braskem; a usina de açúcar e álcool Cosan; os frigoríficos JBS-Friboi e Independência Alimentos; e a Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Os motivos vão desde eventuais impactos sobre o nível de atividade de subsidiárias das companhias brasileiras instaladas em solo americano até a dificuldade de renegociar dívidas com investidores estrangeiros.

A Embraer e a Gerdau seriam afetadas porque suas operações dependem diretamente do nível de demanda dos Estados Unidos. No caso da Embraer, por exemplo, 53% dos pedidos firmes de jatos comerciais das famílias 170, 175, 190 e 195 são da América do Norte. Já a Gerdau possui mais de dez usinas siderúrgicas em operação nos Estados Unidos, sendo a segunda maior produtora de aços longos da América do Norte. No acumulado de janeiro a setembro, a região respondeu por 36% da receita líquida do grupo, à frente do Brasil, que aportou 34%.

Esse cenário, porém, ainda não levou a Moody’s a rever as notas de risco das duas companhias. A perspectiva de ambas é estável, ou seja, a agência não pretende revisá-las no curto prazo. A Embraer é classificada em Baa3, o que significa que a empresa já alcançou o almejado grau de investimento. A Gerdau está em Ba1, um degrau abaixo da nota da Embraer e, portanto, do investment grade.

Impacto indireto

Outras brasileiras seriam afetadas indiretamente pela desaceleração americana. Enquadram-se nessa situação a Braskem e a Cosan. Para a Moody’s, essas companhias possuem uma elevada porcentagem de seu faturamento atrelado a commodities cujos preços podem ser pressionados negativamente, se os Estados Unidos reduzirem sua atividade econômica.

Segundo a agência, isso aconteceria porque os mercados estão cada vez mais interligados. O desaquecimento americano reduziria o nível de importações do país. Como os asiáticos – e sobretudo os chineses – são os principais vendedores de produtos para os Estados Unidos, isso levaria a uma redução da demanda da Ásia por matérias-primas e commodities. Em decorrência, o preço das commodities começaria a cair e as empresas que dependem delas sentiriam o impacto no seu faturamento.

A nota dada pela Moody’s à Braskem, maior petroquímica do país e da América Latina, é Ba1, um ponto abaixo do grau de investimento. A perspectiva de sua nota é estável. Já a Cosan é Ba2, dois degraus abaixo da classificação de papel não-especulativo.

Problemas de liquidez

O último modo pelo qual as brasileiras podem estar vulneráveis às condições econômicas dos Estados Unidos é se a aversão dos investidores ao risco dificultar a renegociação de dívidas.

De acordo com a agência, empresas com pouca experiência no mercado, ou que possuem uma política agressiva de aquisições serão vistas como mais arriscadas, se dependerem muito de seus caixas para irem às compras. A JBS-Friboi, por exemplo, está encerrando um ano ousado de aquisições, cujo ápice foi a compra da americana Swift por 1,4 bilhão de dólares. O acordo transformou a brasileira na maior processadora de carnes do mundo, mas os investidores ainda têm dúvidas sobre a capacidade da empresa de digerir um negócio desse porte. O resultado é traduzido, por exemplo, na desvalorização dos seus papéis na Bolsa de Valores de São Paulo.

A JBS-Friboi é classificada como B1 pela Moody’s, o que a coloca como grau especulativo para os investidores. Sua nota está quatro posições abaixo do grau de investimento. A distância pode, inclusive, aumentar. A Moody’s colocou a nota da empresa em revisão, e a indicação é de que seja rebaixada.

As outras duas brasileiras que também podem sofrer com o fim da liquidez dos mercados mundiais, causada por uma reversão da economia americana, são a Cesp e a Independência Alimentos, segundo a Moody’s. A Cesp tem nota Ba3, três abaixo do grau de investimento. Já a Independência é B3, a seis posições do investment grade. Ambas contam com perspectiva estável para a nota.

Fonte: EXAME

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