quarta-feira, 6 de maio de 2009

Com crise, lucro do Bradesco cai 9,6%

Primeiro grande banco brasileiro de capital aberto a divulgar os resultados do 1º trimestre, o Bradesco indicou que 2009 deve ser um ano de ganhos menos vultosos para um sistema bancário que se acostumou a números recordes a cada novo balanço. O lucro líquido da instituição caiu 9,6% em relação a igual período de 2008, para R$ 1,723 bilhão - embora tenha avançado 7,4% ante o trimestre imediatamente anterior.

A queda deveu-se a uma combinação de três fatores: desaceleração da concessão de crédito, alta da inadimplência e, por tabela, das provisões para pagamentos de devedores duvidosos. "A crise representou uma ruptura e tudo indica que iniciamos um novo ciclo", disse o vice-presidente de Relações com Investidores, Milton Vargas.

O executivo lembrou que o lucro do Bradesco cresceu por 17 trimestres consecutivos até junho do ano passado. Segundo ele, esse novo ciclo se deve caracterizar pela redução dos níveis de rentabilidade, que oscilavam entre 27% e 30% (na medida que considera o lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido). No primeiro trimestre, esse indicador ficou em 21%.

Vargas ressaltou, em contrapartida, que o banco está "bem posicionado" para o novo momento. Destacou a carteira de empréstimos com juros prefixados (portanto, o ganho potencial não é afetado pela tendência de queda da taxa básica), os bons resultados da tesouraria e a melhora da eficiência operacional. "Com isso, conseguiremos passar o ano de uma forma bem equilibrada."

A origem do resultado ilustra bem as mudanças do cenário. No primeiro trimestre de 2008, 25% do lucro foi originado pelo crédito. No mesmo período deste ano, a parcela caiu para 15%. Em compensação, a participação da tesouraria subiu de 6% em 2008 para 17% neste ano. As outras rubricas - serviços, captações e seguros - ficaram praticamente iguais.

A carteira de crédito caiu 0,5% em relação ao último trimestre do ano passado, para R$ 214,3 bilhões. Na comparação com o primeiro trimestre de 2008, houve expansão de 26,5%.

O índice de inadimplência total, que mede os atrasos acima de 90 dias, saltou de 3,6% no quarto trimestre de 2008 para 4,3% nos três primeiros meses de 2009. Nas pessoas físicas, o avanço foi de 6,7% para 7,6%. Nas micro, pequenas e médias empresas, de 2,7% para 3,6%. Nas grandes, o crescimento foi de 0,5% para 0,8%.

Acompanhando o movimento, as provisões para devedores duvidosos atingiram R$ 11,4 bilhões, ante R$ 10,2 bilhões no último trimestre do ano passado. O excedente, ou seja, valor acima do determinado pelo Banco Central (BC), saiu de R$ 1,62 bilhão para R$ 1,69 bilhão.

Gazeta Mercantil

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