Após cinco anos de fartura no mercado acionário, os investidores se perguntam se ainda há fôlego para mais um ano de vacas gordas. 2008 começou com queda nas bolsas de todo o mundo e, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a desvalorização já soma 10,7%. Apesar dos números negativos, é consenso entre os analistas que ações continuam sendo ótimas opções de investimento no longo prazo, mas quem decidir aplicar seu dinheiro na Bolsa terá de ter muito mais sangue frio daqui pra frente para enfrentar as pedras que devem surgir no caminho. "Nunca houve tanta certeza de que teremos mais incerteza pela frente", afirma o chefe da área de Pesquisa da corretora Ágora, Marco Melo.
Em relatório, o especialista destaca como fatores de risco o agravamento da crise hipotecária nos Estados Unidos, o aumento da inflação em diversos países - incluindo o Brasil - e a desaceleração no crescimento das economias da China e da Índia. Por outro lado, a expectativa de que o Brasil obtenha o grau de investimento ainda este ano e as perspectivas positivas para as empresas brasileiras – com o aumento do consumo interno – fazem com que as corretoras projetem uma valorização de até 33% para o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que fecharia o ano aos 85.000 pontos, nas avaliações mais otimistas. O resultado seria o triplo do retorno previsto para a renda fixa no período.
Mas quais são os papéis mais promissores da Bolsa? Para responder essa pergunta, o Portal EXAME consultou 15 corretoras, que destacaram as ações com melhores expectativas para 2008. Os dez papéis mais indicados você confere abaixo. Ações de empresas de consumo e bancos estão entre as mais atraentes, devendo ser beneficiadas pela expansão da renda e aumento do crédito. O setor de infra-estrutura, que cresce com o desenvolvimento da economia, também é apontado como boa opção.
Petrobras (PETR4) - 12 indicações
(Indicada pelas corretoras Ágora, Alpes, Banco Real, Elite, Fator, Geral, HSBC, Itaú, Planner, SLW, Souza Barros e Infinity Asset Management)
O aumento dos investimentos da empresa para exploração e produção de petróleo, aliado à descoberta do campo de Tupi, traz boas perspectivas para a companhia. O preço do produto está em alta no mercado internacional e a demanda é crescente, puxada principalmente pelas economias asiáticas. Além disso, a descoberta de uma reserva de gás natural no Peru fortalece os negócios da companhia fora do Brasil.
Principal fator de risco: variação no preço do petróleo
Vale do Rio Doce (VALE5) - 11 indicações
(Indicada pelas corretoras Ágora, Alpes, Banco Real, Elite, Fator, Geral, HSBC, Itaú, Planner, SLW, Souza Barros e Infinity Asset Management)
A perspectiva de aumento entre 30% e 50% no preço do minério de ferro em 2008 e a crescente demanda da China e da Índia devem manter a empresa na lista das mais rentáveis neste ano. As últimas aquisições garantiram à companhia maior poder de negociação e um portfólio diversificado de produtos.
Principal fator de risco: queda no preço das commodities
Gerdau (GGBR4) - 8 indicações
(Indicada pelas corretoras Alpes, Banco Real, Fator, Itaú, Link, Santander, Souza Barros e Infinity Asset Management)
O forte crescimento do setor imobiliário no Brasil favoreceu os negócios da companhia, que é grande fornecedora de aço para a construção civil. A crise das hipotecas teve efeito praticamente nulo nos negócios da empresa nos Estados Unidos, já que apenas 5% de suas vendas no país são destinadas ao setor residencial.
Principal fator de risco: variação no preço das commodities e redução da demanda interna
Bradesco (BBDC4) - 6 indicações
(Indicada pelas corretoras Ágora, Banco Real, Elite, Itaú, Link, Planner)
2008 deve ser mais um ano de forte expansão do crédito, que pelas contas dos analistas pode ultrapassar a casa dos 20%. As perspectivas de taxa de juros estáveis – ou até mesmo crescentes, dependendo da inflação – devem garantir bons lucros aos bancos. Além de uma ampla carteira de crédito, o Bradesco conta com um portfólio de produtos de seguros, previdência e capitalização, responsável por 30% de seu lucro e que garante a diversificação das fontes de receita.
Principal fator de risco: piora na conjuntura econômica
CPFL Energia (CPFE3) - 6 indicações
(Indicada pelas corretoras Fator, Geral, Link, Planner, SLW, Souza Barros)
A companhia atende a consumidores do interior de São Paulo, região que cresce a taxas elevadas e mantém alta renda per capta. Com novos investimentos em geração e distribuição de energia, a expectativa é de que a empresa mantenha sua rentabilidade na faixa de 35% ao ano, mesmo com uma possível revisão negativa em suas tarifas.
Principal fator de risco: redução nas tarifas
ALL – América Latina Logística (ALLL11) - 5 indicações
(Indicada pelas corretoras Ágora, Fator, Geral, Santander e Spinelli)
As más condições de conservação das estradas brasileiras e as perspectivas de bom desempenho para o setor agrícola nos próximos meses colocaram a ALL na lista das ações preferidas das corretoras. A companhia investiu forte na ampliação de sua área de atuação ao assumir o controle da Brasil Ferrovias, em maio de 2006. Com a operação, a ALL, que já detinha a concessão de ferrovias nas regiões sul e sudeste e parte da Argentina, passou a operar também a rede ferroviária do centro-oeste do país.
Principal fator de risco: redução na demanda
Perdigão (PRGA3) - 5 indicações
(Indicada pelas corretoras Banco Real, Elite, Itaú, Link e Infinity Asset Management)
O aumento da demanda mundial por carnes, decorrente do crescimento da população, deve impulsionar os negócios da Perdigão, que já superou as perdas geradas pela gripe aviária de 2006. A empresa também é beneficiada pelo aumento nos níveis de emprego e renda, que impulsionam o consumo interno. Sua política agressiva de aquisições – recentemente a empresa comprou a Eleva, depois de já ter levado a Batávia – é outro ponto positivo apontado pelos analistas.
Principal fator de risco: inflação
Cemig (CMIG4) - 4 indicações
(Indicada pelas corretoras Banco Real, Elite, Link, SLW)
O aumento nos preços da energia elétrica, a forte demanda e o temor de um novo racionamento criaram um cenário favorável às geradoras no Brasil. Segundo os analistas, dentre as companhias do setor, a Cemig é uma das que apresenta maior oportunidade de ganhos, já que suas ações estão cotadas a um valor bastante abaixo de seu preço justo. Sua política de investimentos e a administração livre de pressões políticas – apesar de se tratar de uma empresa mista – são apontadas como vantagens da empresa sobre a concorrência.
Principal fator de risco: redução nas tarifas
Telesp (TLPP4) - 4 indicações
(Indicada pelas corretoras Banco Real, Elite, Fator, SLW)
Apesar da tendência de queda nos ganhos em função da redução no tráfego de voz, a empresa continua sendo fortemente recomendada pelas corretoras, que consideram seu atual preço na Bolsa atraente. Além disso, a companhia é considerada uma das melhores pagadoras de dividendos no Brasil.
Principal fator de risco: reestruturação do setor
Ambev (AMBV4) - 4 indicações
(Indicada pelas corretoras Banco Real, Fator, HSBC e Link)
O incremento na renda da população brasileira também vem elevando as vendas da Ambev. Apesar de atuar num mercado já considerado maduro, a empresa tem registrado crescimento não só em decorrência da alta na demanda interna, mas também devido ao aumento nas margens de lucros das operações na América do Norte. As ações da companhia são bastante indicadas em momentos de grande instabilidade na Bolsa devido ao seu perfil defensivo – caem menos que a média do mercado.
Principal fator de risco: inflação
Continua em EXAME
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