quarta-feira, 7 de maio de 2008

Depois do Investment Grade

Aconteceu na Rússia – acontecerá no Brasil também?

Em 2003, a Rússia conquistou o “grau de investimento” pela primeira vez, a partir de uma avaliação da Moody’s. Na época, a notícia não alterou muito o fluxo de investimentos estrangeiros para a economia russa – até porque o mercado já vinha se antecipando a ela. Nesta segunda-feira, porém, Vladimir Putin promulgou uma lei que restringe o fluxo de investimento estrangeiro em 42 setores estratégicos para a Rússia, tais como petróleo e gás. A decisão, claro, foi inesperada – especialmente por ter sido tomada no penúltimo dia de mandato de Putin. E deixou uma pergunta no ar: será que o Brasil, recém-incluído no grupo das economias mais confiáveis do planeta, terá de seguir um caminho semelhante ao da Rússia – e tomar medidas para conter a euforia de investidores estrangeiros?

Carlos Serapião Jr., diplomata licenciado e empresário da área de petróleo e gás em Moscou, é categórico ao afirmar que não. Para ele, a restrição russa ao investimento estrangeiro não tem relação direta com a obtenção do “grau de investimento”. “[A decisão de Putin] é um tema ligado à segurança nacional, de defender os frutos de recursos minerais estratégicos e tecnológicos”, explica Serapião.

Não por acaso, destaca ele, os investidores com recursos aplicados na Rússia receberam bem a notícia das restrições. “A lei mostra que o país passará a ter regras claras sobre o assunto. Coisa que o Brasil também deveria ter”, resume. Pela nova legislação, as companhias estrangeiras precisarão de uma autorização oficial do Kremlin para adquirir mais de 50% de qualquer empresa considerada estratégica para a economia russa. Serapião acredita que o caso do Brasil é distinto. Aqui, diz ele, esse tipo de limitação dificilmente seria imposta pelo governo. “A realidade de segurança nacional, no Brasil, é bem diferente da russa ou da norte-americana. O Brasil deveria, sim, ter uma instância de governo que analisasse os projetos de investimento direto estrangeiro sob a ótica da segurança nacional”. Mas isso, diz Serapião, não deverá acontecer tão cedo.

Fonte: News Amanhã

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