Não é somente a crise financeira nos Estados Unidos que preocupa os dirigentes do Fundo Monetário Internacional (FMI). Aos poucos, um outro tema começa a ganhar espaço na agenda de debates do fundo: o aumento nos preços dos alimentos. Pelos cálculos do FMI, os preços dos produtos agrícolas subiram, em média, 48% desde o final de 2006. Só o arroz, por exemplo, registrou alta de 75% em apenas dois meses. Pois essa “inflação alimentícia” impõe um novo desafio para a indústria de alimentos, especialmente para a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc). Ao lidar com contratos de longo prazo, que podem durar até um ano, as companhias ficam vulneráveis a perder margens de rentabilidade. “Como o setor atua com contratos longos, ocorrem discrepâncias de custos, pois os preços dos principais insumos sofrem variações em função da sazonalidade de produção, problemas de clima e abastecimento”, enumera Rogério da Costa Oliveira, vice-presidente da Aberc.
Para não evitar que os lucros do setor encolham, a Aberc busca ampliar o número de clientes. “O aquecimento da economia no país tende a gerar mais empregos. Isso amplia nossa expectativa em relação ao aumento da demanda para a terceirização do serviço de refeições coletivas”, projeta Oliveira. A indústria de refeições coletivas confia na ampliação de algumas cadeias produtivas, como a automotiva. Somente no ano passado, a indústria automobilística teve um aumento médio de 27,8% nas vendas diárias em comparação com 2006. De acordo com os dados da Aberc, o setor tem um potencial de 24 milhões de refeições por dia somente em empresas brasileiras – hoje, este número chega a 8,3 milhões por dia.
Outro desafio da Associação é vender mais para os mesmos clientes. Oliveira explica que, por ser um segmento de lucratividade estreita, os empresários da área necessitam desenvolver constantemente novos mercados. Isso ajuda a ofertar novos produtos e serviços para aqueles clientes já conquistados. Entre os fatores de diferenciação buscados pelo segmento está a maior profissionalização. A Aberc pretende fechar parcerias com escolas técnicas e faculdades para formar novos profissionais. Outro passo é valorizar a marca das associadas por meio da personalização de atendimento junto ao consumidor final – hábito ainda incomum na indústria de refeições coletivas. O segmento deve faturar cerca de R$ 9,5 bilhões neste ano, 12% a mais do que em 2007. (Débora Pisigodinski)
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